quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Jornal O Tempo destaca Valores de Minas coordenado por Andrea Neves

Cidadania. Em sua quinta edição, programa já atendeu 3.000 jovens


Valores de Minas encerra atividades com espetáculo
Estudantes entre 14 e 24 anos têm aulas de música, dança, teatro e circo


Fábio Freitas
Especial para O Tempo

Até dois anos atrás, a estudante Gislaine da Silva Reis, 17, costumava ouvir dos irmãos que ela não sabia "nem bater palma". "Eu sou gordinha e, na época, era mais e na escola os amigos me botavam apelidos maldosos", lembra. Moradora de uma periferia de Ibirité, Gislaine diz que já viu muita violência no local.

Mas quem conheceu a menina tímida e sem autoestima não a reconheceu, anteontem à noite, durante a apresentação de encerramento da 5ª edição do Programa Valores de Minas. "Hoje eu falo que sou bonita. Toco vários instrumentos de percussão, canto e faço teatro", conta.

Criado em 2005 pelo Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e pelo governo de Minas, o programa oferece a jovens carentes de escolas estaduais, com idades entre 14 e 24 anos, aulas de teatro, circo, música, dança e artes plásticas. A cada ano, são abertas 500 vagas para um curso que dura nove meses. "O foco do programa é melhorar a autoestima desses jovens, fortalecer a identidade deles", afirma Andrea Neves, presidente da Servas.

A cada edição, o programa é encerrado com um espetáculo que engloba todas as áreas artísticas, criado com ajuda dos alunos. Neste ano, a apresentação foi criada inteiramente por eles.

O espetáculo "Metrópole" mostrou personagens que fazem parte das experiências vividas pelos estudantes, a maioria moradores de periferias e favelas. Samba, capoeira, rock, hip-hop, acrobacias, canto e artes plásticas se completaram na coreografia de 400 alunos.

Em uma das músicas, um grupo canta que as pessoas estão acostumadas a pensar que "quem mora no aglomerado é ladrão", e que "é esse o sonho que eu busco, de paz e felicidade".

"A realidade dos meninos é tão penosa que algumas pessoas, em vez de falarem ‘favela’, dizem ‘aglomerado’, como se fosse solucionar o problema", afirma Andrea Neves. A última apresentação do espetáculo será amanhã no Plug Minas (rua Santo Agostinho, 1.271), no bairro Horto, às 19h.

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