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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Aécio: agronegócio e a política do improviso, coluna Folha

Aécio: senador diz que Governo do PT promove o caos no setor: portos sem estrutura, escassez de ferrovias e falta de armazéns.




Agronegócio e a gestão deficiente do PT


Aécio: Agronegócio e a política do improviso, coluna Folha Agronegócio e a política do improviso, coluna Folha

Aécio: “é desoladora a descrença dos produtores na capacidade do governo federal de prover investimentos mínimos”.

Fonte: Folha de S.Paulo

Agronegócio


Coluna de Aécio Neves 

Semana passada vi de perto, dessa vez na cidade de Sorriso (MT) –considerada a capital nacional do agronegócio e nosso maior produtor individual de soja–, exemplos práticos das contradições que comprometem o desempenho da nossa economia.

Ao mesmo tempo em que nos orgulham os ganhos formidáveis de produtividade no campo, é desoladora a descrença dos produtores na capacidade do governo federal de prover investimentos mínimos, em logística e em infraestrutura, que garantam menores custos e maior competitividade no momento de escoar a produção.

A frustração é de tal ordem que ouvi de muitos deles o desejo de plantar menos, já na próxima safra, por não haver sequer condições adequadas de armazenagem.

Com o crescimento do PIB projetado ao redor de apenas 2% ao ano, o setor rural resiste de forma heroica e produz resultados que devem ser reconhecidos e saudados pelos brasileiros: no segundo trimestre, em comparação com o primeiro, o PIB agropecuário cresceu mais que o dobro do PIB. O crescimento foi de 14,7% no primeiro semestre, se comparado com o mesmo período de 2012, enquanto o setor de serviços cresceu 2,1% e a indústria, 0,8%.

A grande performance reflete as transformações ocorridas quando a estabilização da economia decretou o fim do uso especulativo da terra e inaugurou a fase da busca pela eficiência na produção.

É notável, desde então, a crescente utilização de novas tecnologias e métodos de manejo, tornando produtivo e eficiente o setor, da porteira para dentro.

As dificuldades a serem superadas estão da porteira para fora e são as mesmas que outros setores enfrentam. O Programa de Investimento em Logística acaba de completar um ano sem realizar nem sequer um leilão para obras em rodovias, ferrovias e portos.

Esse é o terceiro ano consecutivo em que o Brasil cai no Índice de Competitividade Mundial, divulgado pelo Institute for Management Development: em 2010, ocupávamos o 38º lugar; em 2011, o 44º; em 2012, 46º. Na edição 2013, o Brasil caiu mais cinco posições –está em 51º lugar entre 60 países.

O resultado são montanhas de grãos ao ar livre (principalmente soja e milho) por falta de armazenagem; quilométricas filas de carretas para chegar aos portos; escassez de ferrovias, além de navios e contêineres parados nos portos, multiplicando custos e reduzindo competitividade.

É uma realidade que penaliza a economia como um todo e atinge intensamente o setor do agronegócio, cuja cadeia produtiva contribui com 22% na formação do PIB nacional.

ausência de planejamento, o improviso e a prioridade dada ao marketing têm condenado os desafios do Brasil real ao esquecimento.

AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras nesta coluna.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Aécio: transformação social – coluna Folha

Aécio disse que Governo “gerencia a pobreza sem compromisso com a sua superação” e critica ainda o “paternalismo salvacionista”.


Aécio Neves: artigo


Fonte: Folha de São Paulo

Transformação

Aécio Neves

Aécio Neves 2014

Aécio Neves 2014

Ao lado do fim da inflação e da conquista da estabilidade econômica, uma outra mudança crucial para a sociedade brasileira foi produzida no governo do PSDB: a criação de uma inédita rede de proteção social, com políticas nacionais coordenadas contra as causas estruturais da pobreza. Desde então, a realidade social do país vem sendo transformada.

Naquele período, o benefício de um salário mínimo mensal aos idosos e às pessoas com deficiência foi implantado. O Fundef se tornou fonte estável de recursos para a educação e o SUS foi consolidado.

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, de 1996, foi o primeiro programa nacional centrado em transferência monetária. Depois veio o Bolsa Escola, e ambos estimulavam a matrícula e a frequência na rede escolar. Surgiu, entre 2000 e 2001, o Fundo Nacional de Combate e Erradicação da Pobreza. O Auxílio Gás é de 2001. O Bolsa Alimentação também, instituído para complementar a renda de mães gestantes e seus filhos sob riscos nutricionais.

Nessa época, iniciou-se a organização do Cadastro Único dos Programas Sociais (decreto nº 3.877/2001). O Cartão do Cidadão, de 2002, enterrou a velha política clientelista. Pela primeira vez, milhões de famílias foram atendidas com programas de transferência de renda, que, em seguida, foram unificados e tiveram seu alcance ampliado durante o governo Lula.

Esse período de grandes inovações e avanços foi, no entanto, substituído por anos de mera administração da pobreza no país.

Há, hoje, no Brasil, um farto elenco de novas ideias que precisa ganhar o debate nacional, para que o curso das políticas de transferência de renda não se desvie de seu mais importante sentido –o da imprescindível transformação da realidade de milhões de brasileiros aprisionados em um sem-número de carências sociais. Em outras palavras, o de criar condições para que as famílias pobres tenham o direito de deixar a pobreza.

Temas como a garantia do valor real dos benefícios ou a adição de bônus para pais que voltem a estudar, ou para filhos que completem o ensino fundamental e o ensino médio, como forma de estimular a mobilidade social, merecem ser discutidos.

É estratégico acompanhar a realidade das famílias beneficiadas, que não podem se resumir a números de estatísticas. O país precisa ter metas a serem alcançadas e, em respeito aos brasileiros, fazer com que essas políticas venham a ser verdadeiras portas de saída da miséria.

A travessia para um novo patamar de desenvolvimento nos exigirá bem mais que o atual paternalismo salvacionista, que gerencia a pobreza sem compromisso com a sua superação.

AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras nesta coluna.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Inflação: Tolerância zero, artigo de Aécio Neves

Inflação: governo do PT perdeu o controle da escalada inflacionária. Impacto é maior entre as famílias mais pobres.



Inflação: Governo Dilma


Fonte: Folha de S.Paulo

Tolerância zero


Aécio Neves 

Não dá mais para tentar esconder a escalada da inflação, como insiste em fazer o governo federal, tratando-a como se fosse um parente incômodo atrapalhando a festa da família.

Os fatos estão aí, incontestáveis. O Dieese apontou que os preços dos gêneros alimentícios essenciais continuaram em alta e subiram em 16 das 18 capitais, onde o órgão faz pesquisa sobre a cesta básica.

Ligado aos sindicatos de trabalhadores, o Dieese é 100% insuspeito de alarmismo para assustar a população, atitude que os petistas teimam em atribuir à oposição.

A alimentação no domicílio saltou cerca de 14% em 12 meses. O bom humor dos brasileiros fez a disparada do preço do tomate virar piada nacional. Mas podia ser a farinha de mandioca, que teve crescimento de 151% em um ano.

O impacto é maior entre as famílias mais pobres. Elas gastam do seu orçamento com comida e bebida bem mais que as famílias mais ricas.

Para ampliar a lista de notícias ruins, a inflação anual registrada em março, de 6,59%, estourou o teto da meta, fixada em 4,5%, com margem de dois pontos percentuais.

Confirmou-se também que a pressão maior veio dos alimentos. No trimestre, tomate, cebola e cenoura foram as altas de destaque, 60,9%, 54,9% e 53,3%, respectivamente.

Em boa parte, o descontrole nos preços está associado à forma equivocada como o governo federal gasta, a começar pela máquina administrativa em permanente regime de engorda.

A irresponsabilidade fiscal tem consequências maléficas. O país precisa se afastar, com urgência, do projeto anacrônico de inchaço estatal, reconhecidamente fracassado no planeta.

Cultiva-se uma farta distribuição de privilégios, movida com recursos públicos. Predomina a manipulação de setores importantes da economia para fins meramente políticos e partidários.

Ninguém sabe quanto custarão ao Tesouro Nacional as perdas da Petrobras e da Eletrobras, resultantes da má gestão. Ou do BNDES e da Caixa Econômica Federal para socorrer projetos empresariais de acerto duvidoso.

PT sempre foi permissivo com a inflação. Basta lembrar que se posicionou contra o Plano Real, instrumento que derrotou a inflação e fez o país entrar numa era de prosperidade.

Os mais jovens não conheceram os dias difíceis vividos pela geração de seus pais e avós nos anos 80 e 90, quando os preços mudavam todos os dias nos supermercados e alcançavam a estratosfera.

Inaugurada pelo Plano Real, a estabilidade econômica converteu-se em patrimônio de todos os brasileiros e não pode ser colocada sob ameaça.

É senso comum que a marcha da inflação sacrifica os mais pobres, em primeiro lugar. Por isso, para nós, a receita é uma só: com a inflação, a tolerância é zero.

AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras nesta coluna.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

PT e as mentiras, artigo Aécio Neves

Aécio: “Falsear a realidade com slogans e frases de efeito não o tornará mais fácil.”, comentou o senador.




Aécio Neves: artigo


Fonte: Folha de S.Paulo

Realidade


PT anunciou a realização de seminários para “construir uma narrativa própria” sobre os seus dez anos à frente do governo federal. É uma excelente oportunidade para um acerto de contas com a verdade.

Estou entre aqueles que acreditam que a política deve ser exercida com generosidade, reconhecendo, inclusive, as conquistas dos “adversaries”. É uma pena que o pragmatismo muitas vezes acabe por prevalecer e a história passe a ser contada com os recursos da mistificação, quando não da fraude factual.

Ao longo de sua trajetória, os petistas buscaram se apropriar da bandeira da ética. Com o advento do mensalão, que explicitou o enorme abismo existente entre o discurso e a prática do PT, sob a regência do marketing, voltam agora a reivindicar o monopólio sobre as ações no campo social, até como tentativa de esmaecer suas graves e irremediáveis contradições.

É nesse contexto que devem ser compreendidos os excessos representados pela milionária campanha publicitária, para informar ao país que a miséria acabou, e pela declaração da presidente Dilma de que o PT não herdou nada, iniciativas que geraram constrangimentos até entre membros do governo e do partido.

Há, no entanto, cada vez menos espaço para esse tipo de manipulação. É o que mostra, por exemplo, estudo de grande reputação internacional feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Trata-se do relatório 2013 sobre a evolução do IDH.

Na página 74, ele informa: “Quando começou a transformação do Brasil num Estado orientado para o desenvolvimento (cerca de 1994), já o governo havia implementado reformas macroeconômicas para controlar a hiperinflação através do Plano Real“. Sobre educação, na página 82, é ressaltada a importância da criação do Fundeb, em 1996.

O começo do Bolsa Família aparece de maneira inequívoca na página 87: “O Brasil reduziu a desigualdade introduzindo um programa para a redução da pobreza. O seu programa de transferência condicionada de rendimentos, Bolsa Escola, lançado em 2001, (…) em 2003 foi alargado ao programa Bolsa Família por via da fusão de vários outros programas num único sistema”.

O relatório nos permite concluir que foram grandes virtudes dos governos petistas a manutenção e a expansão de iniciativas legadas pelo PSDB.

Os programas sociais brasileiros precisam continuar. Mas, em respeito aos beneficiados, precisam avançar para além da gestão diária da pobreza. Isso significa agregar à importante dimensão da proteção social a da verdadeira emancipação dos cidadãos atendidos.

O Brasil tem ainda um longo e duro caminho a percorrer. Falsear a realidade com slogans e frases de efeito não o tornará mais fácil.

 AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras neste espaço.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Andrea Neves lança com Aécio Neves campanha de Valorização da Pessoa Idosa - filme publicitário tem participação de Zezé di Camargo







Com o objetivo de sensibilizar e mobilizar a sociedade em torno de ações para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com 60 anos ou mais, o Servas e o Governo de Minas lançaram nesta quinta-feira, 22 de outubro, no Palácio da Liberdade, a campanha de valorização da pessoa idosa. O lançamento foi feito pela presidente do Servas,  Andrea Neves, e pelo governador Aécio Neves. Além de parceiros da iniciativa, o cantor Zezé di Camargo, que está em um dos filmes a ser veiculado, esteve presente na solenidade e, ao final, cantou a música "Couro de Boi", tema da campanha, com Luciana Tolentino e o músico Geraldo Almeida ao violão.

"Não é a primeira vez que o Servas e Governo de Minas se unem a empresas de comunicação em torno de causas de interesse social. Em 2008, a campanha contra o abuso sexual e a violência doméstica fez as denúncias se multiplicarem. Em 2006 sensibilizamos para o drama dos desaparecidos. Mas esta campanha, de valorização da pessoa idosa na nossa sociedade, talvez seja a mais difícil. Porque não estamos falando dos outros, mas de nós mesmos. E depende da mudança de postura de cada um. Essa campanha sensibiliza para o respeito e afeto com essas pessoas. É o ponto de partida para outras questões", disse a presidente do Servas, Andrea Neves.

“Acho que essa é uma campanha que tem de ir além das fronteiras de Minas Gerais. E ela tem essa capacidade de que não é muito comum em peças desse tipo. Falo com muita sinceridade, a mim me tocou e me deu vontade de ligar para casa. Acho que todo mundo vai sentir um pouco uma certa cobrança íntima daquilo que não vem fazendo, mas que poderia estar fazendo cotidianamente sem qualquer custo, sem qualquer trabalho a mais. Então, é uma campanha que não é do governo, é uma campanha que os mineiros que estão oferecendo para o resto do Brasil”, afirmou o governador, em entrevista.

Para Zezé di Camargo, o idoso sente mais falta do apoio e carinho das pessoas que ama do que da questão financeira. "Do lado financeiro, tem as entidades filantrópicas, os governos estaduais, federal que têm uma parcela de cuidados com isso. Mas eu acho que o maior carinho que o idoso necessita é exatamente por parte dos entes queridos, principalmente dos filhos”, disse o cantor.

Inclusão na rotina

A campanha, que será veiculada em TVs, rádios e impresos, chama a atenção para a necessidade da mudança de atitude e inclusão dos idosos na rotina das famílias. Foram produzidos dois filmes, sendo que o primeiro a ser divulgado tem o cantor Zezé di Camargo, que aderiu à campanha não cobrando cachê. O artista recita a letra da música "Couro de Boi", de Diogo Mulero e Teddy Vieira. O segundo mostra imagens de idosos sozinhos em casa, enquanto outras pessoas relatam uma rotina que não os inclui.

Também será dado o alerta para a necessidade de denunciar qualquer situação que exponha o idoso a riscos, com a divulgação do Disque Direitos Humanos (0800 031 11 19), serviço gratuito e sigiloso. Os números do Disque Direitos Humanos demonstram um crescimento de 30% nas denúncias de violência contra a pessoa idosa, passando de 133 entre janeiro e setembro de 2008, para 173 em igual período deste ano.

Desenvolvida pelo Servas e Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), a campanha tem o apoio do Conselho Estadual do Idoso de Minas Gerais e Ministério Público. São parceiros da iniciativa o Banco BMG, Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), Sindicato das Indústrias da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot), Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Unimed. Também apoiam a campanha TVs, rádios e jornais mineiros, oferecendo solidariamente espaço para veiculação.

A campanha de valorização da pessoa idosa segue modelo inaugurado pelo Governo de Minas e Servas, que realizam uma série de ações de mobilização social articulando poder público, sociedade civil e iniciativa privada. As mobilizações estão sendo articuladas contra a exploração sexual de menores e no combate à violência doméstica, através da Campanha Projeta Nossas Crianças, e também pela localização de pessoas desaparecidas, com a Campanha Volta.

A necessidade de urgência na mobilização da sociedade para a questão do idoso é expressa pelos números, já que o país passa pelo fenômeno de envelhecimento da população. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991 Minas Gerais contava com cerca de 1,19 milhão de idosos, correspondendo a 7,6% da população. Em 2000, a população de 60 anos ou mais passou para 1,63 milhão no Estado, o que corresponde a 9,1% do total.

Digna Idade

No atendimento ao idoso, entre outras ações, o Servas desenvolve, desde 2003, o Programa Digna Idade, de apoio às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPs). O programa garante investimento para a estrutura física, aquisição de equipamentos e utensílios nas áreas administrativa e de atendimento, além de capacitação de pessoal. De 2003 a 2009, já foram atendidos 17.760 idosos, totalizando 466 entidades em 414 municípios.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memória: Mamãe eu fui a Cuba - artigo de Andrea Neves publicado no Jornal do Brasil em 13 de outubro de 1985


Andrea Neves e Fidel Castro em CubaO avião se preparava para pousar. Do outro lado da janela, a visão ia ficando cada vez mais clara. No céu, poucas nuvens. Na terra plana, muito verde. Verde de plantação. A bordo, a delegação brasileira, convidada a participar do diálogo juvenil e estudantil da America Latina e Caribe sobre a dívida externa, dava as primeiras mostras da sua “amplitude”: enquanto algumas pessoas não escondiam a emoção outras reclamavam do cansaço, não faltando sequer quem se dispusesse a pisar o solo cubano dando vivas a Jânio Quadros.

A sessão de abertura do diálogo ofereceu ao plenário, de cerca de 700 jovens representantes de 400 organizações das mais diversas matizes ideológicas, o momento do primeiro encontro com o comandante Fidel Castro. Para os brasileiros, no entanto, ele trouxe outra surpresa. Convidado a encerrar os discursos da noite, a figura ágil e cordata de D. Pedro Casaldaglia ocupou a tribuna. Sereno ele conclamou os jovens ao sagrado exercício da rebeldia. O congresso durou quatro dias e, pela ordem, falaram pelo Brasil os representantes do PDS, PFL, PDT, PCB e PMDB.

Enquanto isso lá fora, uma havana ensolarada se oferecia aos visitantes. Para decepção dos que esperavam encontrar uma forte dose de realismo soviético, os passeios programados eram opcionais e os visitantes incentivados a descobrirem por si sós, os encantos da cidade. Uma cidade pobre. “Moça, você pode não entender, mas nós temos muito orgulho da nossa pobreza”, me disse, na rua, um senhor de 78 anos. É claro que eu entendia.

O que você achou de Cuba? Perguntaram-me as pessoas. Uma sociedade surpreendente, e ouso dizer, tendo plena consciência do quão provocativa a expressão pode suar. É claro que o país enfrenta uma série de dificuldades. Uma economia frágil, uma política de habitação que ainda não foi capaz de suprir as necessidades da área. São as mais evidentes. Mais algum tempo lá e, certamente, outras questões viriam à tona. Mas há outra realidade que salta aos olhos e que, juro, me encheu de orgulho.

Uma sociedade em que um especializado e eficaz serviço de educação e saúde é gratuitamente oferecida à população. Um país de nove milhões de habitantes em que a alimentação básica é subsidiada pelo Governo e onde se imprimem 2,5 milhões de livro a cada três meses. E isso sem falar na alegria das crianças, nas minissaias das moças e no olhar galante dos rapazes que insinuam pelas ruas. Tudo regado a muito calor, a reclamações sobre o ônibus cheio e à irreverência dos soldados que, na hora do almoço tiram a farda para um mergulho no mar.

Surpreendente porque uma sociedade não é só a infraestrutura que constrói. Ela é sobretudo os homens que cria. E aí, a coragem não é patrimônio exclusivo dos líderes da revolução, mas um dom generosamente repartido por toda a gente. Coragem e dignidade palavras-chave para se forjar o perfil de um povo. Um povo que canta, dança e se diverte com mísseis apontados para a sua cabeça.

Um país em que as crianças de quatro anos sabem que, em caso de ataque aéreo, devem colocar um lápis entre os dentes tapar os ouvidos, correr para debaixo da cama e cantar uma canção.  Que colocou na beira da praia, quase de frente para o litoral norte americano um gigantesco outdoor onde se vê, numa extremidade, o Tio Sam acuado. E na outra um cubano com os pulmões cheio de ar gritando aos quatro ventos: “Senhores imperialistas, nós não lhes temos medo nenhum”. Provocação? Infantilidade? Nada disso. Na verdade, uma gigantesca injeção de ânimo em quem passa pelo local. Mesmo porque como dizia Guimarães Rosa, pica-pau voa é duvidando do ar.

Cuba é o exemplo de uma sociedade ideal? Não creio. Mas na vida dos povos não basta apontar para o futuro justo que todos dizem almejar. É preciso se pôr a caminho. Ainda que por estradas diferentes.

“Afora isso”, é a discussão da dívida externa que infelizmente não cabe aqui. Mesmo assim me lembro de algumas intervenções que diziam que não se pode dever aquilo que não se pode pagar e faço minhas as preocupações do representante da Democracia Cristão chilena no sentido de que nosso esforço no momento deve ser garantir e aprofundar o processo de democratização dos países da América do Sul.  “Se tivermos que escolher entre a liberdade e o pão, ficaremos com a liberdade para seguir lutando pelo pão”, disse ele.

Chego em casa, desarrumo as malas e penso em como é grande o cordão da esperança. É isso aí.

Mamãe, eu fui a Cuba. E qualquer dia desses eu quero voltar. “No mais”, bate outra vez com esperanças o meu coração.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Leia matéria publicada no Estado de Minas em 2008, quando Andrea Neves resolveu viajar com a família para Londres

Em entrevista exclusiva ao caderno Feminino&Masculino, Andrea Neves dá um fim nos

boatos em torno de sua anunciada temporada na Inglaterra, para onde viaja esta semana

Fonte: Ana Marina -  Estado de Minas - Caderno Masculino&Feminino - 13/07/2008

Em entrevista exclusiva ao caderno Feminino&Masculino, Andrea Neves fala em torno de sua anunciada temporada na Inglaterra

A notícia estourou como uma bomba na imprensa de todo o pais: Andrea Neves está deixando o governo.   E vai com a filha e o marido, Luiz Márcio Pereira, para a Inglaterra. É claro que as versões dessa viagem são as mais estapafúrdias possíveis, há de tudo um pouco. E assim elas foram circulando, sem que ninguém parasse para pensar: mas onde é que está mesmo a verdade?



Para quem se deslumbra com os brilhos e ouropéis do poder é totalmente impossível uma mulher que para muitos é a eminência parda do governo mineiro deixar tudo para acompanhar a filha, que vai estudar durante uma temporada no exterior. Então, é melhor acreditar no boato do que no fato.

E o fato é um só: Andrea resolveu dar uma parada, dar um tempo para acompanhar Maria Clara, a filha. E é isso que conta, coração aberto para os acontecimentos. Porque fui perguntar a ela o lado verdadeiro dessa viagem, que nem é tão longa assim, em dezembro estará de volta. Conta que não foi fácil a decisão, mas, avaliando prós e contras, acredita que a hora é boa para sair, seus projetos estão encaminhados.

“E, além do mais, tenho apenas dois papéis no governo: na presidência do Servas e na coordenação do 1º Grupo Técnico de Comunicação, que o governador criou para normatizar o setor. O que acontecia antes era uma dispersão de mídia, que se acumulava em alguns meses e desaparecia em outros. Agora isso não acontece mais – e o foco principal do governo são as campanhas de utilidade pública.” Lembro que, para quem está de fora, deixar o núcleo do poder parece uma excentricidade.

Andrea rebate com uma realidade: “Minha família sempre esteve no meio político, fomos criados nele. E a política é cheia de altos e baixos. Então, sabemos que tudo é transitório, que é importante, mas pode passar. O que fica mesmo é a estrutura familiar, o que carregamos conosco, sou um ano mais velha do que o governador, tenho temperamento diferente do dele, sou tímida, mais sossegada. Ele é comunicativo, aberto. Mas nos entendemos muito bem – e esse nosso laço familiar é inquebrável. Nos apoiamos mutuamente. Ele deu para a política, eu não dei. Mas a figura de Tancredo é importante, nos guia”.

Hora da Decisão

Comentei sobre um discurso que ela fez, em 2006, para mulheres homenageadas pela Associação Comercial, avaliando a dupla tarefa feminina, as contradições de nosso tempo, que tocou profundamente a platéia. Principalmente quando ela disse que “muitas vezes esquecemos de lembrar a nós mesmas o que realmente é prioritário para cada um de nós. E então, um dia, de repente nosso olhar cruza com o olhar dos nossos filhos.

Prestamos atenção diferenciada a uma resposta que eles nos dão e descobrimos, de repente, que eles cresceram. Que o tempo passou”. Foi isso que motivou esse hiato que ela está abrindo na sua carreira pública?

“Acho que não sou centralizadora, que delego. Mas sei que sou minuciosa, quero acompanhar tudo de perto. Então, achei que tenho que dar um tempo, fazer algumas coisas de que gosto e não posso. Uma das que me propuz, seriamente, é não ficar controlando de lá o que acontece aqui no Servas. Quero me desligar – e ler, ler muito.

Separei uma boa quantidade de livros que vou levando. Vamos alugar uma casa, meu sobrinho Mateus também vai. E Luiz Márcio também. Além do mais, mamãe, que é a presidente do honra do Servas, vai ocupar meu lugar, dar continuidade aos projetos, que são muitos e me apaixonam”.

Dedicação Total

Quando Andrea fala do trabalho que vem desenvolvendo na entidade assistencial do governo de Minas Gerais, seu entusiasmo é visível. Cada um dos projetos é a menina de seus olhos. A abrangência é total, porque a instituição atende, hoje, de crianças a idosos, passando pelos jovens , mobilização de comunidades, mobilização social.

Dom Geraldo Majela de Castro, bispo de Montes Claros e membro da Pastoral da Criança, dá seu depoimento: “Sentimos que Andrea vestiu a camisa da Pastoral da Criança, começamos a vê-la quase como membro da equipe estadual. Logo em seguida ela, por meio de promoções, equipou toda a sede estadual da Pastoral da Criança, doando móveis, computadores, veículos, tudo o que é necessário para o seu bom funcionamento.

Não temos palavras que expressem nosso amor e respeito para com Andrea, talvez seja um daqueles anjos que Deus usou para a realização de grandes acontecimentos da História da Salvação. Pelo jeito, parece- me que ela segue o exemplo de Maria Santíssima no despojamento, compromisso e sobretudo na fidelidade e transparência nas ações por ela desenvolvidas em todas as áreas da sua atuação social. Todos os seus feitos ficarão gravados fortemente no coração de todos nós, revelando sua pessoa tão religiosa, tão simples, tão atenciosa e sensível ao sofrimento do próximo”.

O bispo tocou em ponto importante da personalidade de Andrea: “O lado positivo de estar onde estou é saber que estou fazendo alguma coisa de bom para o próximo”, avalia ela.

Prazer em Atender

Só quem está por dentro do problema consegue avaliar a extensão da demanda. E é claro que ela é sempre muito maior do que podemos imaginar. Para quem tem mania de perfeição, para quem quer atender o máximo possível, as parcerias são necessárias. Um dos projetos do qual Andrea fala com mais carinho é o da Brinquedoteca, que tem várias parcerias, uma delas com o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID). Por meio dele, foi possível capacitar 734 educadores infantis e 468 creches, e cerca de 35 mil crianças, em 129 municípios. Às vésperas de viajar (a família segue esta semana para o exterior), ela aproveita uma pausa em nossa conversa para aprovar dois bonecos que estão sendo feitos para a Brinquedoteca e que serão distribuídos quando ela voltar.

A palavra-chave é esta: voltar. O que seria um prosaico acontecimento na vida de qualquer família, e que ganhou uma força desmedida, retorna ao seu contexto real. O que Andrea Neves da Cunha está fazendo não é nada mais do que dar-se um tempo, aproveitar um pouco a vida, junto com marido, filha e sobrinho, na Inglaterra.

“Em dezembro estou de volta, o Servas não terá seus projetos paralizados, nada vai mudar”.

E lá vai Andrea Viajar - Ziraldo
Há muito tempo venho dizendo que este vai ser o século da salvação do mundo. Não é que eu seja um Dr. Panglos e queira, nadando contra a corrente, ser um otimista desarvorado do nosso tempo. O mundo será salvo porque ao final do século em que estamos vivendo, estaremos todos nas mãos das mulheres, definitivamente. Elas vão, com seu bom senso nato, com sua intuição, com seu afeto e por será matriz da vida humana, assumir, finalmente, o comando do mundo. E está aí a única hipótese de estarmos salvos, a única oportunidade da humanidade sobreviver. Confesso que tenho um olho clínico para conhecer estas Evas Multi que, aqui e ali, vão despontando entre nós. Elas já estão dirigindo países, comandando mais da metade das grandes empresas americanas, decidindo nos mais diversos tribunais, dirigindo os mais importantes conselhos.

Calmamente, vão se revelando parceiras serenas e competentes de homens que ainda decidem nossos destinos. Até aqui dá para perceber que estou fazendo uma “pequena” introdução para falar de Andrea Neves. Pois é isso mesmo. Conheço a Andrea, praticamente, desde a adolescência e tenho acompanhado sua vida, adivinhando suas vitórias. Neste momento ela está partindo para uma temporada na Europa, onde vai poder conviver, com maior intensidade, com sua filha Maria Clara. Deixa o comando de mil destinos, o poder de decidir sobre eles para estar, pelo menos por um tempo maior, junto da filha. É que, antes de tudo, ela intui qual é a primeira e mais importante função – ou papel – da mulher: a de ser mãe.

Mais que isso, porém, ela vai provar aos que pensam que ela é parte de qualquer poder decisório da gestão de seu jovem irmão, que ele é, por ele mesmo, o competente governador que tem encantado o Brasil, um raro político da qualidade dos velhos fundadores desta arte em Minas Gerais. Tancredo não assistiu seu neto chegar onde chegou mas, se há a hipótese de vida após a morte, lá do alto, ele está vendo seu herdeiro igualar-se a ele – ou até mesmo superá-lo – a ponto de vir a transformar-se num futura legenda nesta área que marca a história de nosso estado. Lá vai a Andrea, com essa certeza. Ela é capaz de gestos incríveis.

P.S.: tenho idade bastante para ter essa eloqüência e dizer todas essas coisas pelo simples fato de acreditar nelas.