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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ação de Andrea Neves no programa Vita Vida ganha destaque na Revista Ecológico

Receita de amor


Programa solidário do Servas ajuda a combater a fome de milhares de pessoas através do reaproveitamento sustentável de alimentos


Fonte: Ana Elizabeth Diniz - Revista Ecológico


Link: http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?materia=MjAz&edicao_id=48


Você já imaginou a quantidade de alimentos que apodrece e vai parar no lixo todos os dias? E quantos milhares de brasileiros passam fome? O desperdício é assustador. Mas esse quadro pode ser diferente. O programa VitaVida, implantado em 1998 e reestruturado em 2003 pela presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), Andrea Neves, reutiliza o excedentes de legumes, cereais e frutas na fabricação de uma sopa desidratada que atualmente é distribuída para 625 entidades em 229 municípios de todo o Estado. São mais de 11 milhões de refeições produzidas e distribuídas gratuitamente de 2003 a 2008 e cerca de 80 mil pessoas beneficiadas em várias regiões do Estado.


Os legumes, cereais e frutas passam por um processo de desidratação que obedece a rígidos padrões de qualidade garantidos por profissionais de engenharia de alimentos e de nutrição. Essa nova tecnologia substituiu a forma pastosa utilizada anteriormente, chamada de VitaSopa, e possibilitou ampliar a produção e a qualidade. Além disso, o programa distribui batata, cenoura, mandioca e banana-passa desidratados.


Os produtos podem ser usados em massas, purês, pastas e base para pães e bolos e são distribuídos para centenas de entidades como creches, instituições de longa permanência para idosos, centros de recuperação de dependentes químicos, casas-lares, unidades da Santa Casa e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).


“Os resultados são impressionantes e já estamos iniciando uma parceria com a Pastoral da Criança, que já revela resultados importantes. Para chegar ao formato atual, do alimento desidratado com durabilidade de mais de um ano, investimos em tecnologia, pesquisa, parceria com universidade e na construção de uma grande rede de parceiros, incluindo prefeituras, produtores rurais, comerciantes e do governo do Estado”, comemora Andrea Neves.


Além da unidade construída pelo Governo de Minas em Contagem (na sede das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A – Ceasa-MG), três fábricas do programa funcionam em Janaúba, Montes Claros e Uberaba. Também são oferecidos pelo programa cursos de capacitação para os profissionais das centenas de entidades atendidas, que recebem orientação sobre o preparo do produto e cartilhas de receitas testadas e aprovadas em cozinha experimental do programa.


O chef barcelonês Xavier Franco não precisou de cartilha para preparar uma deliciosa paelha com a sopa VitaVida. “Esse é um prato muito tradicional no meu país (Espanha). Além da sopa usei arroz, que é base da alimentação em muitos lugares. A pimenta nyora, típica da Catalunha, foi trocada pela brasileira biquinho. Foi uma sensação peculiar e sensacional que eu nunca pensei experimentar”, disse.


Andrea lembra que o programa é reconhecido, desde 2005, como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil e, em 2007, recebeu o Prêmio Maria Regina Nabuco em segurança alimentar e nutricional.  “O VitaVida combate duas chagas sociais: a fome e o desperdício, graças à receita de solidariedade de nossos parceiros”.


É o que atesta Edelcir Mendes de Almeida Nogueira, coordenadora administrativa da Creche Ana Maria de Castro Veado que atende 99 crianças de dois a seis anos do Aglomerado da Serra. “As crianças adoram a sopa. Dou uma incrementada com mais legumes, carne ou caldo de feijão. Depois que elas passaram a se alimentar dela não temos mais problemas de desnutrição”.


A mesma coisa acontece no Lar dos Idosos Recanto dos Amigos, no bairro Lindeia, onde 12 internos recebem a sopa como complemento alimentar. “Ela é muito nutritiva e tem boa aceitação, todos gostam. É uma ótima iniciativa do governo e chegou num momento em que estávamos precisando de ajuda”, diz a coordenadora Irani Zeferino Quites.


O diretor da Associação Comercial da Ceasa (ACCeasa), Garcias Moreira Carvalho, que representa os parceiros do programa pontua: “Esse projeto é emocionante porque mata a fome de crianças. É um programa de grande alcance. Começamos falando em 10 mil e chegamos a 11 milhões. Em termos de nutrição é difícil de ser superado”.



Números do desperdício

  • Cerca de 60% dos alimentos adquiridos pela população vão para o lixo. Números como esses colocam o Brasil dentre os países campeões do desperdício.

  • São 32 milhões de brasileiros miseráveis e famintos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

  • De cada 100 quilos de frutas colhidas no Brasil, 46 não são aproveitados. A quantidade é equivalente a uma perda diária de 15 toneladas de alimentos, que vão para o lixo nas Centrais de Abastecimento (Ceasas), e 14 toneladas que são descartadas nos pontos de venda (supermercados, mercearias, feiras e outros), segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).




PARA SABER MAIS

Somente no primeiro trimestre de 2009, foram doadas 528 mil porções de alimentos ao VitaVida. Mensalmente, são produzidas 72 mil refeições em cada fábrica. Já na unidade de Montes Claros, são produzidos 750 kg de banana-passa por mês, o equivalente a 15 mil porções.




  • Durante todo o processo, da colheita à comercialização de frutas e verduras, o Brasil perde o que seria suficiente para alimentar mais de 32 milhões de pessoas, o que - conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - acabaria com a fome no País.