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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Andrea Neves é destaque na Revista Season

Andrea Neves: jornalista e presidente do Servas, irmã de Aécio e neta de Tancredo, mostra que não há uma só, mas várias Andreas.


As várias Andreas


Fonte: Revista Season, abril de 2012

Como transformar memória em travesseiro suave, em agulha fina e precisa? Como refazer caminhos, observar um tijolo e outro e mais outro, olhar a construção, parar, pensar, expor detalhes da obra que poucos tiveram acesso ao longo dos anos?

Que detalhes são esses, tão à mostra? Perguntas a serem feitas por quem entra no blog de Andrea Neves, lançado no início deste ano de 2012. Para quem só escuta falar de Andrea Neves, mas nunca teve oportunidade de conhecê-la um pouco mais de perto, o blog é uma surpresa agradável. Tempestade e suavidade rimam com essa mulher, que se define como tímida e fechada e é, ao mesmo tempo, tão mitificada.

Aqui, a jornalista e presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), irmã de Aécio e neta de Tancredo, mostra que não há uma só, mas várias Andreas. Todas muito intensas e todas muito diferentes entre si, como ela mesma diz: “Em cada época da vida, a gente pode ser uma e pode ser várias em uma vida só.”

Muitas pessoas que não te conhecem pessoalmente costumam ter uma ideia formada de que você teria um perfil frio e calculista ou mesmo da Andrea que tem o poder. Essa Andrea é real? Como você lida com isso?

Andrea Neves - Eu, por temperamento, sempre fui uma pessoa muito fechada. Como sou mais tímida, acho que tem gente que confunde um pouco esse distanciamento. O fato de eu não frequentar muito os lugares, geralmente é interpretado de forma diferente do que realmente é a motivação de eu ser assim. Aqui no Servas, depois de anos, recebi dois comentários muito engraçados. A primeira pessoa disse o seguinte: “Nossa! Você é tão normal!” (risos). E outra me disse assim: “Eu queria te falar uma coisa: você é tão simplesinha” (mais risos). Cria-se um mito em torno da gente, da mulher que tem espaço, que decide. Às vezes eu leio uma reportagem dizendo “Andrea que tem o poder” e isso é tão distante da minha realidade pessoal. E eu acho, muitas vezes, que as pessoas tem essa imagem talvez por uma falha minha mesmo. De não ter tido o cuidado de me apresentar mais, de conviver mais com um número maior de pessoas.

E você já imaginou que o seu blog estaria cumprindo essa lacuna de alguma forma?

Andrea Neves - Não foi nisso que eu pensei inicialmente, mas vou ficar feliz se isso acontecer, se estiver acontecendo. Se alguém tiver curiosidade sobre o meu trabalho, sobre me ver como eu sou, vai ser mais uma razão para eu ficar contente com o blog.

E quando foi que você resolveu que estava na hora de ter um blog para chamar de seu?

Andrea Neves - Eu sempre escutei, durante anos, as pessoas falando, “você tem que fazer um blog”. Mas quando elas falavam isso, geralmente imaginavam que eu deveria fazer ou um blog sobre política, ou um blog sobre o terceiro setor, sobre trabalho social, sobre o Servas. Então, quando eu resolvi fazer, expliquei para os amigos que não seria nem sobre política, nem pra ficar me remetendo exclusivamente ao Servas, sobre os projetos do Servas. E aí ninguém entendeu nada. Ficou aquela perplexidade… “então, sobre o que você vai falar?”.

Bom, agora, qualquer pessoa, quando entra no seu blog, tem a chance de conhecer um lado seu, que se ela não for do seu convívio, jamais teria essa chance.

Andrea Neves - Também não pensei nisso. O que comecei a sentir é que faltava um espaço que pudesse ser o meu espaço de organização interna, de afetos, de memórias, de experiências, de reencontrar com pessoas que não tenho mais contato. Acaba que, com o meu trabalho, fico refém de conviver com pessoas que dividem comigo o mesmo espaço profissional. Eu acho que o mundo, especialmente pra gente que é mulher, ganhou uma velocidade tão grande, a gente responde a tantas demandas o dia inteiro, tem que olhar o café que acabou em casa, a escola da filha, o trabalho… A gente passa o tempo todo quase que reagindo à demanda dos outros.

Seu blog funciona então como um diário dos tempos modernos?

Andrea Neves - Acho que é isso mesmo. Eu sou uma pessoa que chegou atrasada na rede. Eu, até poucos anos atrás, não tinha nem e-mail. Mas hoje eu percebo essa dimensão que as pessoas me afalavam antes e que eu não conseguia entender. É um espaço de encontro e de reencontro. Hoje você tem na Internet um lado maravilhoso, um espaço que te permite encontrar, reencontrar e experimentar. E também tem um lado ruim, infelizmente, da irresponsabilidade, das informações imprecisas, das mentiras que se vestem de informação e que contaminam a rede. Então, esse lado bacana tem sido muito interessante pra mim. Muito bom mesmo.

O blog mostra a essência da Andrea, mas não mostra a intimidade? É mais ou menos isso?

Andrea Neves - É isso mesmo.

O que você jamais publicaria no seu blog?

Andrea Neves - Não é minha intenção falar de política. Isso eu quero evitar. Também não quero falar de coisas muito pessoais, para preservar a privacidade das outras pessoas.

Você se inspirou em algum blog pra fazer o seu?

Andrea Neves - Não, eu conheço pouquíssimos blogs pra te falar a verdade.

E o que é o mais importante pra você, quando você pensa no que vai postar?

Andrea Neves - Eu acho que escrevo mais pra mim do que para os outros. Eu acho que desde a hora que eu escolho sobre o que vou falar ou comentar, eu estou mais me reencontrando comigo mesma, pra depois ao mesmo tempo, me encontrar com as outras pessoas. Então, eu não tenho um tema definido. Eu paro pra escrever geralmente lá pra uma hora da manhã. Só de madrugada consigo parar para escrever algum post. E o que tem me movido é que sinto que, de alguma forma, eu estou tecendo as minhas memórias de afeto, de lembranças, de experiências. É quase uma terapia. Eu lembro que quando era mais jovem, eu gostava muito de escrever, de fazer poemas. O blog pra mim também virou aquele lugar de encontro com pessoas que antes eu encontrava na mesa de um bar e, como hoje em dia eu já não saio muito, já não tenho mais tempo, eu estou reencontrando ali. E é muito interessante, porque recebo vários comentários de pessoas que não vejo há muito tempo.

E como você filtra esses comentários para publicá-los?

Andrea Neves - Os comentários que são mais pessoais, eu não publico. Mas tenho reencontrado tanta gente que eu nem me lembrava mais. É bacana. É um prêmio, um presente.

Como chega para você a reação das pessoas em relação a seus posts e como eles influenciam na sua vida?

Andrea Neves - Num dos posts que eu fiz no blog, eu contei minha experiência em Cuba e isso surpreendeu muita gente, por que não combina com a Andrea que as pessoas tem na cabeça… Tem uma pessoa que me é muito especial que diz o seguinte: a vida é longa, mas passa rápido. Quer dizer, a gente tem chance ao longo de uma mesma vida, de ser pessoas diferentes. Em cada época da vida, a gente pode ser uma e pode ser várias em uma vida só. Então eu estava me lembrando das minhas várias Andreas. Aí eu me lembrei de uma Andrea que na época do movimento hippie atravessou os Estados Unidos com uma mochila e um saco de dormir, de uma outra, que foi para a Nicarágua ver a revolução sandinista, de outra ainda, que se dedicou à literatura. Eu tive várias Andreas na minha vida. Todas muito intensas e todas muito diferentes entre si. E eu sou filha de todas elas. Tem uma frase que gosto muito que diz que nós somos filhos da criança que fomos um dia. Eu hoje olho pra trás e enxergo todas essas Andreas com muita ternura, com todos os sonhos que já tive e me sinto filha de todas, e isso é o que me faz ser o que sou hoje.

Por falar em filhos, como é a sua rotina? Como você faz para conciliar educação de filho, casa, trabalho, viagens…

Andrea Neves - Eu acho que a gente não concilia. Eu não encontrei esse equilíbrio. Faço parte do clube das mães culpadas. Mas não conheço ninguém da minha geração, que trabalha mesmo, pra valer, que tem filhos, que consegue isso. Eu brinco que são quatro jornadas de trabalho, tem os filhos, o trabalho profissional, quem tem companheiro tem uma relação que tem que ter tempo e temos uma casa que tem que manter sua rotina, tem que funcionar. Então, são quatro demandas todos os dias e muito diferentes. Essa coisa de você olhar pra trás, ver o ano que passou e dizer que tudo foi bacana, não dá. Alguma coisa sempre fica em falta. Eu não conheço ninguém que ache que está tudo muito bem resolvido, uma mulher que tira tudo de letra e está tudo equilibrado.

Andrea, são muitos anos frente ao Servas. Até agora, o que fica para você como grande legado e aprendizado desse trabalho?

Andrea Neves - De aprendizado, talvez, fica a visão de como somos capazes de transformar. E transformar não é uma coisa que se meça em números, ou por estatísticas. Se somos capazes de transformar e tocar a vida de uma pessoa que seja, de uma família que seja, isso por si só justifica tudo. Aqui no Servas, pra mim, o legado e o aprendizado são a mesma coisa. E significa ter a convicção de que há sempre um gesto ao alcance de qualquer pessoa. Sempre há um gesto de solidariedade que podemos fazer, por menor que ele possa parecer, em qualquer lugar onde estivermos. Minha avó tinha uma frase, que acho que é de Santo Agostinho que fala “faça o que você puder, onde você estiver, com o que você tiver”. Então se o que a gente tem em mãos é a capacidade de articulação, de sensibilizar, de encontrar pessoas dispostas em torno de causas dos outros e não de nós mesmos, essa é a matéria-prima.

Você fala em transformação. Como é possível transformar a vida das pessoas?

Andrea Neves - Eu cada vez me convenço mais de que a gente transforma a sociedade por meio da solidariedade, por meio do amor. Alguém pode falar, “ah, mas que coisa piegas, que ridículo”. Mas se não nos importamos de verdade com o outro… esquece. Nós vamos continuar reproduzindo sociedades iguais à que temos hoje. Só se formos realmente capazes de incorporar o outro na vida da gente é que vamos conseguir começar a mudar as coisas. E todos os nossos programas, que criamos aqui no Servas, nascem dessa mesma matéria-prima que é a solidariedade. Ou seja, é o desejo de buscar capacidades de construir parcerias, de encontrar outras pessoas que tenham o mesmo tipo de sentimento, de incômodo com o mundo da forma como está estruturado hoje. São pessoas que se somam para poder mudar. O que queremos é uma gama de parceiros de várias áreas reunidos em torno de vários programas aqui do Servas, cada um contribuindo da melhor forma.

Há entre as injustiças sociais alguma que te toque com mais intensidade?

Andrea Neves - Uma coisa que me agride muito é a questão do idoso, a situação de abandono com que as pessoas idosas vivem na nossa sociedade. E eu não estou falando de abandono de idoso de classes sociais menos favorecidas. Pelo contrário. Geralmente, nas famílias mais pobres, a solidariedade é maior que a que existe nas famílias de classe média. Nós temos formas de segregar o idoso que é de muita crueldade. Quantos de nós combina de ir almoçar no domingo com o pai ou com os avós e, na última hora, liga dando uma desculpa, dizendo que não vai dar, seja porque está no clube com os amigos ou o que for, e promete que no domingo que vem será diferente? A gente começa a tirar essas pessoas do dia a dia da gente, como se isso fosse uma coisa absolutamente natural. Ninguém faz isso de má-fé, mas isso faz parte de um comportamento muito comum: isolamos essas pessoas e as condenamos.

Seria correto dizer que essa causa é a menina dos seus olhos no Servas?

Andrea Neves - Sim, porque com relação à questão da infância e da adolescência no Brasil, que também são situações dramáticas, você tem diversas entidades que, de alguma forma, colaboram no enfrentamento desses problemas. E o mais doloroso é que a criança, mal ou bem, tem uma certa perspectiva de futuro, você sempre acha que o tempo pode agir, que algo pode acontecer para ajudar. Com uma pessoa idosa, você não olha mais pra frente, você tem que olhar pra trás. Tudo isso me impressiona muito. Desde a quantidade de pessoas que vivem em asilos, que hoje em dia se chamam instituições de longa permanência para idosos e que são pessoas completamente abandonadas que ficam anos e anos sem receber uma visita, às pessoas de classe média, que não enviam para asilos, mas também segregam, deixando o idoso de lado.

Andrea, para finalizar a nossa conversa, não estaria na hora de Minas ter…

Andrea Neves - (interrompendo) Não… (risos)

Continuando: de Minas ter uma mulher à frente do governo mineiro?

Andrea Neves - Nem sei, de repente até está. Eu acho que a hora é de continuarmos tendo pessoas sérias à frente do governo de Minas. Mas do meu ponto de vista pessoal, eu não sou candidata, não. Eu nunca tive vontade, embora já tenha tido oportunidade de ser (candidata) em outros momentos. Mas não tenho a mínima vontade. Eu volto ao que eu te disse no começo, sou muito tímida. Eu acho que cada um tem um temperamento. Essa candidatura… algumas pessoas tem um talento, uma vontade. Eu, que sou mais tímida, que sou mais fechada, que não gosto da exposição e que pelo fato de ser tão fechada não ter criado condições das pessoas me conhecerem mais… Ou seja, eu não vou ser candidata nunca! Como não fui no passado. Nossa mãe! Nananinanão.

Link: http://www.revistaseason.blogspot.com.br/2012/04/as-varias-andreas.html

Conheça o Blog Oficial de Andrea Neves - Clique Aqui

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nas redes sociais: Andrea Neves lança blog para partilhar experiências pessoais e falar das coisas do mundo

Publicado pela  Redatores da Turma do Chapéu

Andrea Neves estreia seu blog pessoal e perfis nas redes sociais




Reprodução do blog de Andrea Neves

Está no ar o blog da jornalista e presidente do Serviço Voluntário Social de Assistência Social(Servas), Andrea Neves. Nos primeiros posts, impressões sobre o projeto Secrets, de Frank Warrem, vídeos da marcha pelos direitos civis em Washington e projetos do terceiro setor tocados pelo Servas.

Abaixo, o texto de apresentação em que ela conta a motivação de fazer o blog.

Há muito tempo escuto de diversos amigos a mesma sugestão: por que você não faz um blog?

Para quem demorou muito até para ter e-mail, a sugestão sempre me pareceu um pouco descabida.

Pertenço àquela pequena parte da minha geração para quem, por mais que nos esforcemos, o mundo virtual ainda não oferece a intimidade e o conforto do velho papel.

Somos visitas nesse novo mundo, não moradores, por isso quando disse a alguns amigos que pretendia fazer um blog , houve muita surpresa.

Sobre política? Perguntaram alguns.
Não necessariamente, eu respondi.

Sobre comunicação? Perguntaram outros.
Não necessariamente.

Sobre o terceiro setor? Arriscaram outros.
Não necessariamente, continuei a responder.

Sobre o que você vai escrever? Era a pergunta que eu entreouvia no silêncio curioso de cada um.

Sou uma pessoa privilegiada no sentido de que as minhas circunstâncias tem me permitido fazer o que eu gosto. Acredito no que faço e faço com paixão.

Tornou-se comum citar Ortega e Gasset em “eu sou eu e as minhas circunstâncias”.

A política, a formação profissional e o trabalho em comunicação, assim como o trabalho na área social são minhas circunstâncias.

Aqui gostaria de ir além delas.

Por que então, agora, fazer um blog que não é exclusivamente de trabalho ou opinião?

Não sei exatamente.

Mas penso que para organizar e guardar pensamentos, memórias e lembranças. Ideias para mim e para os outros. Para partilhar.

E, quem sabe, para confirmar a antiga teoria que diz que a gente lê para provar que nunca esteve sozinho.

Vai ver a gente escreve também para isso.

Contei à minha filha e ao meu marido sobre a idéia do blog.

Meu marido perguntou apenas: onde você vai achar tempo para escrever?

Minha filha observou: mas se você não vai falar de política, de comunicação nem do seu trabalho na área social, ninguém vai querer ler…

Como diria o Ancelmo: faz sentido…

Junto com o blog, Andrea Neves está estreando também no Facebook, no Twitter e noYouTube. Para quem quiser conferir, seguem os links:

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Revista Viver Brasil diz que Andrea Neves prefere os bastidores






Ela prefere os bastidores


Andrea Neves, irmã do ex-governador Aécio Neves e considerada peça fundamental na gestão do irmão à frente do governo mineiro, descarta qualquer possibilidade de compor chapa com Anastasia. Ela anuncia sua saída como presidente do Servas e diz que volta suas atenções, a partir de julho, para a campanha de Aécio ao Senado e de Anastasia ao governo de Minas Gerais
Texto: Eliana Fonseca | Fotos: Daniel de Cerqueira






Ela avisa que não será candidata a nada. Nem a vice de José Serra, na chapa do PSDB à Presidência da República. Tampouco de Antonio Augusto Anastasia, ao governo de Minas. Andrea Neves também não quer ser candidata a deputada federal e nem a estadual. No momento, ela está de despedida do governo de Antonio Anastasia. Neste mês, deixou a presidência do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) depois de sete anos à frente da entidade, em um trabalho no governo do irmão Aécio Neves no qual ficou conhecida não só como o braço direito, mas também como uma das peças fundamentais das estratégias políticas do governo. Também é coordenadora do Grupo de Comunicação do Estado, mas diz que ocupa a função até o fim do próximo mês, quando sai para iniciar a campanha de Aécio ao Senado, além de engajar-se na de Anastasia para o próximo governo. Para o futuro, prefere não antecipar nada. Diz que saberá o que fazer quando o momento chegar.

Aos 51 anos, mãe de Maria Clara, 15, e casada com Luiz Márcio Haddad Pereira Santos, Andrea Neves é capaz de falar horas sobre as motivações que a levaram a desenvolver o trabalho no Servas. O resultado foram projetos que, em sua avaliação, valeram a pena por terem modificado a vida das pessoas. Brinquedotecas hospitalares e em cidades do interior, programas para valorizar a autoestima de crianças e de adultos; outros para levar dignidade aos cidadãos da terceira idade. “A vida da gente só tem sentido quando ultrapassa a nossa própria vida e é capaz de tocar a vida do outro”, diz. Além dos programas, outro motivo de alegria foram as campanhas do governo como Volta, para localizar pessoas desaparecidas; contra a exploração sexual de crianças e adultos; ou como a que trouxe Zezé de Camargo recitando a música Tira Couro para conscientizar as pessoas sobre a importância do respeito e dignidade aos idosos. “O texto da campanha é uma moda de viola muito antiga. Passava férias no interior e essa moda era muito tocada. Ela sempre me impressionou muito por isso, então a elegemos como tema para a campanha”, conta.

Sempre próxima do irmão, Andrea afirma que a parceria dos dois não é uma relação de trabalho. Promotora e uma das principais realizadoras das homenagens ao centenário do avô Tancredo Neves, Andrea fala também da relação com o político, de quem foi extremamente próxima.

Já é possível Andrea Neves falar em planos imediatos?Vou continuar no governo, na função de coordenadora da área de comunicação, até junho. Estou me preparando para ajudar na campanha do Aécio e do Anastasia. Daqui a pouco, em julho, entraremos em campanha. Também terei um pouco mais de tempo para a minha filha, o meu marido, a minha família.

A senhora sempre foi considerada braço direito do seu irmão no governo. Como foi iniciada essa parceria em que ambos assumiram planos distintos na vida política, mas sempre juntos um do outro?
Sou um ano mais velha do que o Aécio. Sempre trabalhamos juntos. Quanto ao mundo da política, vivemos isso a vida inteira. Meu avô convidou, em 1982, o Aécio para trabalhar no governo de Minas, quando eleito governador. O Aécio tinha vindo para cá em 1978 e a partir dessa convivência, inteirou-se com esse uni­verso e disputou, em 1986, sua primeira eleição. Estava aqui e sempre trabalhei nas campanhas do meu irmão. Em 1999, fiquei viúva e voltei para o Rio, onde permaneci por quatro anos. Em 2002, voltei para a campanha. Costumo falar que a política para a gente não é trabalho, por­que perpassa todos os aspectos da nossa vida. Não é uma relação profissional. É a vida da gente. Sempre foi. Eu e Aécio temos um jeito complementar.
São perfis complementares, uma relação de muita confiança e fico contente de poder ajudar, de dar uma colaboração no traba­lho que ele fez e que o Anastasia vem fazendo.

O nome da senhora sempre está associado à habilidade e poder na política. Já quis se candidatar a um cargo público?
Nunca tive vontade. Acho que cada um de nós tem um temperamento, um perfil, uma forma de lidar com a política. Nunca tive essa disponi­bilidade ou vontade de disputar uma eleição.

Diante disso, como a senhora recebeu essa possibilidade de convite para ser vice na chapa do PSDB à Presidência da República?
Isso eu acho que é um zumzumzum. Na minha vida já teve muito zumzumzum. Já teve uma onda de que iria ser vice do Anastasia, depois, vice do Serra. No meio do caminho, que poderia ser candidata a deputada estadual, depois federal. Fico, claro, lisonjeada, de saber que alguém chegou a cogitar ou pensar em meu nome, mas isso não procede. Até porque estou inelegível em função de ter permanecido no Servas além do prazo 30 de março.

A senhora foi uma das principais articuladoras das homenagens ao seu avô Tancredo Neves que ocorreram em abril. Há alguma outra homenagem programada ainda para este ano?
O que está previsto e ainda não ocorreu é o lançamento, no segundo semestre, do filme do Sílvio Tendler, que é um documentário. Ele fez os anos JK, os anos João Goulart e vai terminar a trilogia com Tancredo. Na opinião dele, esses três personagens marcaram e moldaram a segunda metade do século passado. Então, isso está previsto como parte das comemorações.

O que aproxima o seu modo de fazer política com o do seu avô Tancredo?
Acho que todo mundo que teve perdas importantes na vida sabe que tem algumas que são tão absolutas que estão presentes para sempre. Tive uma relação muito próxima com o meu avô e sinto a presença dele, e de outras pessoas que não estão entre a gente, permanentemente comigo. São presenças muito fortes. E tenho dele memória muito afetuosa: Tancredo era extremamente bem humorado, ele fazia política com muita alegria – e nisso o Aécio é muito parecido com ele, com muita disposição, digamos assim. Então, acho que sem saber, nós, lá em casa, tivemos a oportunidade de aprender muita coisa sem sabermos que estávamos aprendendo.

E depois das eleições, tem algum plano para 2011?
Confesso que minha ideia é tocar as coisas até o fim do ano e pensar nisso somente neste momento.

A senhora acabou de deixar a presidência do Servas. Em sete anos contínuos de trabalho, qual o balanço faz dos projetos desenvolvidos na área social?
Assumi a presidência do Servas no começo do governo Aécio, em janeiro de 2003. Quando chegamos, optamos por passar a fortalecer o trabalho do Servas junto às entidades sociais de Minas Gerais. E o nosso foco principal nos últimos anos foi  no sentido de apoiar e fortalecer as entidades que atuam na área social do estado. A preocupação era a de desenvolver um trabalho que realmente significasse algo de diferente na vida das pessoas atendidas por instituições como creches, Apaes, asilos, hoje chamados de instituições de longa permanência. O objetivo era encontrar formas e desenvolver projetos que pudessem ter condições de se viabilizar. Sempre defendo muito que esses programas hoje implementados no Servas não são programas de uma gestão, de um governo, da gestão do governo Aécio, ou, no caso da gestão  do governo Anastasia. Eles são programas que, se têm realmente a importância que a gente acredita que têm e que as pessoas, que de alguma forma são beneficiadas por ele dizem ter, são programas da sociedade. Pertencem a Minas Gerais. São programas que têm a possibilidade da continuidade garantida porque se transformaram em ações preciosas para as comunidades nas quais estão inseridos.

E como está sendo deixar o Servas depois de todo esse trabalho?
O coração está apertado. O meu sentimento é de que esses programas, mais do que transformar as comunidades, transformaram-nos. Claro que é muito grati­fi­can­te ver os resultados, os impactos em várias famílias. Às vezes, estou em algum lugar e de onde menos espero surge uma mãe querendo agradecer pela parti­ci­pação do filho. E ela me fala em como isso mudou a vida do filho e da família toda. É emocionante. Acredito que um dos diferenciais do trabalho desenvolvido pela equipe do Servas seja exatamente fazer um programa dessa envergadura com afeto, com carinho. É  perceber que não estamos lidando só com estatísticas, mas, com pessoas, com histórias. A vida da gente só tem sentido quando ultra­passa a nossa própria vida e é capaz de tocar a vida do outro. Foi um privilégio ter podido tocar a vida do outro, ajudar a desenvolver isso. Aécio, no início do governo, disse que  colocaria em prática em Minas a equação da solidariedade que era de somar esforços, dividir responsabilidades para multiplicar resultados e diminuir as diferenças. É isso que o Servas vem fazendo ao longo desses anos.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Andrea e Aécio Neves participam da mostra Centenário Tancredo Neves, no Museu Histórico Nacional

Minas em São Paulo: Namoro olho no olho


Fonte: Hildegard de Angel – Jornal do Brasil
Kubitschek, Niemeyer, Maia, Aleixo, Gouthier, Chagas Freitas, as forças políticas e sociais, do Rio e de Minas, unidas em torno da memória de Tancredo Neves

Mineiro é conciliador, mineiro é multiplicador, mineiro respeita o adversário,  prestigia as diferenças e tem uma capacidade plural de harmonizar. Foi o que se viu na abertura da mostra Centenário Tancredo Neves, no Museu Histórico Nacional, cuja frequência passeava do Chaguismo ao Juscelinismo, dos recentes Maia aos antigos Aleixo ao novíssimo Anastasia, atual governador das Gerais e candidato a próximo. Do jornalismo político, de Villas-Bôas Corrêa a Roberto D'Ávila, passando por Cícero Sandroni.

A exposição faz uma síntese do essencial na História percorrida pelo estadista, reproduzindo fielmente o conteúdo do Memorial Tancredo Neves, de São João Del Rei. E a gente percebe que Minas, mesmo quando adormecida em termos nacionais, como agora, permanece desperta em sua essência, e que seu poder independe de retratos em paredes de repartições  públicas. Vai muito além. Minas é memória. Minas guarda valores. "Essa gente das Minas Gerais não se submete nunca" - a frase, tomei emprestada do português conde de Assumar, quando mandou matar o insurgente mineiro Filipe dos Santos.

O conde também disse "mineiro tem por brio fazer revolução". Mas este não é o perfil dos mineiros Neves, antes de tudo gente de boa conversa e paz. E lá vem Aécio Neves, subindo a escada rolante do museu, seguido de José Serra, e emprestando ao paulista um tantão de seu carisma. Colado em Aécio, até mesmo o fechadão Serra consegue angariar simpatias, despertar sorrisos, pois, convenhamos, esta eleição pra presidente está mais para "o pleito da antipatia", conforme manchete muito bem sacada da revista mineira Viver Brasil.

Também fazia parte do evento no MHN, o lançamento, por Mauro Santayana, dos livros A política como razão: as idéias e o tempo de Tancredo Neves e Tancredo, o verbo republicano, com uma seleção dos mais importantes discursos do estadista. O jornalista começou a autografar às seis e meia da tarde e ficou lá, de caneta em punho, até 10 e meia. Tudo pilotado pela eficiência de Andréa Neves, que, com essa exposição, brinda o Rio e o Brasil com uma certa sensação de nostalgia, do 'poderia ter sido', um gostinho daquilo que, com Aécio, um dia poderá ser. Eu disse com Aécio...

Link: http://jb.ideavalley.com.br/flip/

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Andrea Neves, Maristela Kubitschek e Antonio Anastasia no Museu Histórino Nacional em exposição sobre Centenário Tancredo Neves

[caption id="attachment_383" align="aligncenter" width="550" caption="Andrea Neves, Maristela Kubitschek e Antonio Anastasia no Museu Histórino Nacional em exposição sobre Centenário Tancredo Neves"][/caption]

A mostra retrata a trajetória do ex-presidente Tancredo Neves desde a infância, em São João del-Rei, até a sua morte, antes de tomar posse na Presidência da República.

[caption id="attachment_385" align="aligncenter" width="655" caption="Exposição Centenário Tancredo Neves, no Rio de Janeiro "][/caption]

quarta-feira, 31 de março de 2010

Andrea Neves assina carta de intenções com Instituto Coca Cola que vai beneficiar cooperativas de catadores




Servas e o Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB) assinaram, nesta terça-feira (30), uma carta de intenções para investimento de R$ 1,2 milhão entre 2010 e 2013 para o desenvolvimento de cooperativas de catadores de material reciclável no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), um projeto do Servas em parceria com o Governo AécioNeves.Juntas, as equipes do Servas, CMRR e ICCB vão definir um plano de ações para implantar uma estrutura e capacitar os catadores de cooperativas, visando incentivar as atividades socioambientais. Os recursos desta primeira etapa da parceria serão utilizados na aquisição de equipamentos que irão proporcionar a melhoria das condições de trabalho dos catadores de recicláveis.“O CMRR é um projeto inédito em todo o país, e a Coca-Cola percebeu isso e vai nos ajudar a criar as condições necessárias a preservação ambiental, geração de renda para os catadores de recicláveis e muitas famílias”, disse a presidente do Servas, Andrea Neves da Cunha.

“Temos procurado investir em áreas em que a geração de renda possa se tornar permanente, e acreditamos poder consolidar essa transformação através de parcerias como esta que firmamos com o Servas. Este projeto pretende contribuir tanto na gestão quanto na equipagem das cooperativas de catadores de recicláveis”, disse Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade Coca-Cola Brasil e diretor superintendente do Instituto Coca-Cola Brasil.

“Essa parceria vai contribuir para reforçar a autonomia produtiva dos catadores. A aquisição de equipamentos para as cooperativas vai potencializar a reciclagem de materiais, possibilitando ao catador a condição de empreendedor. O catador passa a ter um negócio que integra a questão social econômica e ambiental”, disse Cido Gonçalves, coordenador de Mobilização do CMRR. Segundo ele, está em andamento, em parceria com o Servas, um processo de mobilização que envolve todos os municípios mineiros com coleta seletiva para incorporá-los ao Plano de Gerenciamento de Resíduos.

O Instituto Coca-Cola Brasil é uma organização não governamental, e entre as suas finalidades se destaca o fomento do desenvolvimento sustentável da sociedade brasileira através de atividades ligadas ao meio ambiente.




sexta-feira, 12 de março de 2010

Andrea Neves escreve artigo para o Valor Econômico e conta a trajetória do avô Tancredo na política brasileira


 





Fonte: Andrea Neves - para o Valor Econômico

Tancredo de Almeida Neves, cujo centenário de nascimento e a lembrança dos 25 anos de sua morte se dão neste 2010, está entre os atores políticos de maior relevância no Brasil da segunda metade do século XX, bem como entre os que mais foram corajosamente coerentes.

À primeira vista, parecem existir dois Tancredos. Um, extremamente ameno no trato e nas palavras. Outro, corajosamente radical nas ações e nos gestos. A fusão dos dois fez um homem por inteiro. Comprometido, sempre, com a ordem democrática. Absolutamente leal aos companheiros, honrando a palavra que empenhava, transformou-se num interlocutor confiável na cena política durante décadas. E, surpreendentemente, não jogava para a plateia, não buscava os holofotes.

Ele costumava dizer: "Na política, só se lembram de mim na hora da tempestade". Era verdade. Tancredo assume lugar de importância nacional em 1953. Com apenas 43 anos de idade, foi escolhido pelo presidente Getúlio Vargas como seu ministro da Justiça, considerada a pasta mais importante da época. Havia sido opositor do Estado Novo, advogava para trabalhadores e chegou a ser preso duas vezes no período. Mas considerava que Getúlio, ao ser eleito, ganhara legitimidade popular.

Foi fiel ao presidente até o seu último instante. Na última reunião do Ministério, quando os ministros militares diziam ser impossível enfrentar o golpe que se anunciava e pediam o afastamento do presidente, Tancredo se ofereceu para ir pessoalmente dar voz de prisão aos rebelados. "Mas você pode ser morto", disse um deles. "A vida nos reserva poucas oportunidades de morrermos por uma boa causa", respondeu.

Tancredo costumava se lembrar da última noite de Getúlio com emoção. Até os seus últimos dias, dizia que não conhecera ninguém em quem o senso de dever e o amor ao país fossem tão fortes. Lembrava que já se preparava para sair do Palácio do Catete quando o presidente o chamou e lhe entregou a sua caneta pessoal. "Uma lembrança desses dias conturbados", disse ele. Tancredo guardou a lembrança e quando saía do prédio escutou o tiro com que o presidente se suicidara. Correu aos aposentos dele e ajudou a filha, Alzira, a socorrer o pai. Dizia que os olhos do presidente circularam pelo quarto, passaram pelos dele até se fixar nos da filha. Morreu olhando para ela.

Extremamente abalado, Tancredo chegou para o enterro em São Borja, no Rio Grande do Sul. Fazia muito frio. Oswaldo Aranha lhe emprestou um cachecol que ele guardou, dobrado, na sua gaveta de objetos pessoais por toda a vida. De São Borja, enviou um telegrama ao então governador de Minas, Juscelino Kubitschek, denunciando a ação das forças golpistas. Há quem pense que o suicídio de Getúlio tenha atrasado em dez anos o golpe militar. O ano de 1964 poderia ter chegado em 1954.

Em 1961, a renúncia do presidente Jânio Quadros pegou o país de surpresa. O vice-presidente, João Goulart - ou Jango, como era mais conhecido -, se encontrava na China, e começaram as articulações para impedir a sua posse. Tancredo divulga um manifesto à Nação pedindo respeito à ordem democrática e que fosse garantida a posse do vice-presidente. O ambiente se agrava. Prioritário naquele momento era garantir que Jango chegasse ao país e ao governo.

Diante da irredutibilidade de setores militares, surge a solução parlamentarista. Tancredo vai de avião ao encontro de Jango no Uruguai. Haviam sido, Tancredo e Jango, ministros de Getúlio. A confiança entre os dois havia sido selada na antecâmara de uma tragédia. Em um momento de crise, em que o caráter e a fibra de um homem não podem se ocultar atrás de discursos de conveniência. Por isso era Tancredo - e não outro - que poderia ter entrado naquele avião.

Há quem diga que naquele encontro teria ficado implícita a certeza de que a alma brasileira, se consultada, não trairia a sua tradição presidencialista. Importante naquele momento era garantir que o presidente tomasse posse. Era evitar que 1964 chegasse em 1961. Jango tomou posse. Tancredo foi escolhido primeiro-ministro. Deixou o posto de chefe de governo em 1962 para disputar as eleições para a Câmara dos Deputados. Eleito, se transformou em líder do governo João Goulart na Câmara dos Deputados.

Chegou 1964. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declara vaga a Presidência da República, apesar de o presidente João Goulart se encontrar em solo brasileiro. Diante de uma Casa silenciosamente acovardada, escutam-se algumas vozes e gritos inconformados no plenário. Quem ouvir com atenção o áudio da sessão vai escutar, nesses gritos, as vozes da consciência nacional. Uma voz se destaca: "Canalhas!" Era Tancredo.

Naquela época também deputado, Almino Afonso conta: "Até hoje me recordo com espanto do deputado Tancredo Neves, em protestos de uma violência verbal inacreditável para quantos, acostumados à sua elegância no trato, o vissem encarnando a revolta que sacudia a consciência democrática do país. Não deixava de ser chocante ver a altivez da indignação de Tancredo e o silêncio conivente de muitas lideranças do PSD".

O jornalista José Augusto Ribeiro diz que, ao sair dessa sessão, o indignado Tancredo deu uma entrevista: "Acabam de entregar o Brasil a 20 anos de ditadura militar!" Enfrentou soldados para se despedir pessoalmente de Jango.

E 1964, adiado tantas vezes, finalmente chegou. O primeiro momento, fortemente simbólico, foi a eleição do marechal Castelo Branco. Tancredo foi o único deputado do PSD de Minas a se abster na votação.

Vieram as cassações. Os inquéritos policiais militares. Nem os ex-presidentes são poupados. Juscelino foi convocado a depor. Não foi sozinho. Tancredo o acompanhou aos depoimentos. Solidário.

Exilado, o talvez mais festejado presidente que o país já tivera, se dirigiu ao aeroporto para deixar o Brasil. Era o ex-presidente bossa nova. Era um ex-presidente da Republica que seguia rumo ao exílio. Três pessoas acompanharam JK até o avião. Duas eram da família. A outra era Tancredo. "Me lembro que a sua foi a última mão que apertei!", disse Juscelino na primeira carta enviada do exílio.

São anos de um paciente ostracismo para Tancredo.

Morre o presidente João Goulart no Uruguai. O governo militar a princípio se recusa a permitir que ele seja enterrado no Brasil. Começam diversas articulações. Tancredo recusa conselhos e vai ao general Golbery do Couto e Silva: "Ninguém pode negar a um presidente o direito de descansar entre o seu povo!" E, quando a conveniência indicava, de novo, o contrário, lá estava Tancredo em São Borja. Mais uma vez, a memória de Almino Afonso: "Era a única liderança de porte nacional presente no cemitério".

Juscelino morre. De pé, Tancredo velou o presidente. É de Tancredo o mais forte e emocionado discurso de homenagem ao ex-presidente.

Trinta anos depois de 1954, é a vez de 1984. A campanha das Diretas Já ocupou as ruas e o coração do país. Tancredo participou, articulou, discursou. Mas conhecia a história. Ali estavam maduras as condições para deixar 64 para trás. Ideal que fosse pelo voto direto. Se não pudesse ser, que fosse por outro caminho. Importante era abrir a porta de saída. A porta que ele ajudou a não deixar que fosse aberta em 1954 e em 1961 precisava agora ser fechada.

De novo, era ele que precisava tomar aquele avião. Do ponto de vista da história, Tancredo estava pronto. Tinha que ser ele. Era o que se costumava ouvir dos analistas mais experientes. "Esta foi a última eleição indireta deste país", foram as primeiras palavras do seu discurso como presidente eleito.

Getúlio, Juscelino e Jango sabiam do que ele estava falando. Sabiam o que havia custado chegar até ali. Saberiam o que ainda ia custar?

O avião decolou novamente. O piloto não desembarcou. Mas conduziu o voo a um pouso seguro. Afonso Arinos disse que "alguns homens dão a vida pelo país. Tancredo deu mais, deu a morte".

Lembro-me dos olhos marejados de Tancredo recordando com respeito e reconhecimento o extremado senso de compromisso de Getúlio com o país. "Ele sabia o que estava em risco", costumava dizer. "Vocês não imaginam o que foi a multidão que acompanhou o funeral do presidente. Foi ela, em torno do caixão do presidente Vargas, que selou o pacto que impediu, naquele momento, o retrocesso da ordem democrática", insistia em nos explicar.

Mal sabia Tancredo que 31 anos depois, em 1985, uma outra multidão velaria o corpo de um outro presidente.

E que ele também deixaria a vida para entrar na história.

Andréa Neves, neta de Tancredo, é jornalista e presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais (Servas)

Tancredo, um homem por inteiro

Link da matéria: http://www.valoronline.com.br/?impresso/cultura/92/6153538/tancredo,-um-homem-por-inteiro&scrollX=0&scrollY=2514&tamFonte=


Para saber mais sobre a vida de Tancredo Neves acesse o Canal Tancredo 100 anos no Youtubeclique aqui

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Andrea comemora 15 anos da filha Maria Clara


"A solidariedade vem do coração, a generosidade da razão mas a bondade é filha do espírito. Por isso, mãe de ideias e sentimentos", Andrea Neves



 




 

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Memória: Andrea Neves escreve a introdução do livro que faz homenagem a Tancredo Neves

[caption id="attachment_200" align="aligncenter" width="557" caption="Andrea Neves e Tancredo em momento familiar"]Andrea Neves e Tancredo em momento familiar[/caption]

Introdução ao livro Tancredo Neves um Homem para o Brasil

Organizado por Andrea Neves

Sentimento e emoção, reconhecimento e compromisso. Estas são as marcas que saltam deste livro que se apresenta, antes de tudo, como um registro de um período importante da história brasileira.

Aqui se homenageia a memória de um homem que dedicou sua vida à construção de um sonho de País. Na travessia empreendida por este visionário impregnado de paixão e fé, sonhamos todos os brasileiros.

Tancredo Neves nos deixou uma saudade sem tamanho. Um homem raro, moldado para o país que tanto e ao qual se dedicou, por uma vida inteira, com coragem e extrema coerência.

Não há nas páginas seguintes qualquer pretensão de trazer à tona novas revelações ou aprofundar antigas análises. O que se celebra aqui é o exercício de uma prática política calcada em princípios de ética e moralidade, de humanismo, lealdade e civilidade.

Nascido e criado em São João del-Rei, Tancredo nunca se esqueceu do menino que brincava pelas ruas centenárias, ouvindo os sinos das igrejas em diálogos quase incompreensível, mas comovente. As lições aprendidas em famílias, em ambiente esplendoroso da cultura barroca e das ideias liberais, lhe serviram para toda a vida.

Tancredo nos deu, a todos que tivemos o privilégio de estar ao seu lado, companheiros de jornada, amigos, familiares e, em especial, a nós, seus netos, um cotidiano rico m exemplos e momentos inesquecíveis, marcados pelo bom humor, pela generosidade no trato e firmesa de opiniões.

Neste sentido, a carpintaria refinada do seu estilo de fazer política escondia um homem simples, fiel às suas crenças, inflexível em seus valores. Tancredo Neves, lutou e morreu por um causa: a de contribuir, com o exercício pleno da política, para a construção de um país cada dia melhor.

O livro que se abre agora vai em busca deste homem extraordinário.

Aqui estão os momentos mais expressivos de sua vida – da infância corriqueira aos grandes momentos da cena nacional dos quais a história o elegeu protagonista, antes de voltar ao repouso final, em sua terra. Na se trata de uma biografia – entendida no seu sentido formal – ou mesmo de uma fotobiografia. Neste trabalho, fotos e documentos reproduzidos na integra, jornais de época, bilhetes e cartas, peças de campanhas eleitorais e objetos diversos se somam para revelar, em páginas que se desdobram em pequenas delicadezas, uma trajetória que nos fala diretamente à memória e ao coração.

Este livro é acompanhado de outro, com os textos de importantes discursos por ele proferidos, um CD que resgata a força e emoção de sua oratória e um caderno de charges protagonizadas por Tancredo – ele, que sempre recebeu com humor a irreverência dos artistas.

Página a página, buscamos tecer um enredo que ainda hoje emociona e surpreende o País. A imagem de um homem público que ele nos legou cativa a memória dos brasileiros de várias gerações. As razões desta presença que o tempo apenas reforça são muitas. Porque é impossível esquecer uma história como esta que aqui contamos. Porque poucos amaram tanto o Brasil. E porque poucos, como ele, deram forma e conteúdo tão consistentes ao que é, antes de tudo, sentimento. A este legado de dedicação e desprendimento, só o afeto é capaz de responder.

Andrea Neves da Cunha

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memória: Mamãe eu fui a Cuba - artigo de Andrea Neves publicado no Jornal do Brasil em 13 de outubro de 1985


Andrea Neves e Fidel Castro em CubaO avião se preparava para pousar. Do outro lado da janela, a visão ia ficando cada vez mais clara. No céu, poucas nuvens. Na terra plana, muito verde. Verde de plantação. A bordo, a delegação brasileira, convidada a participar do diálogo juvenil e estudantil da America Latina e Caribe sobre a dívida externa, dava as primeiras mostras da sua “amplitude”: enquanto algumas pessoas não escondiam a emoção outras reclamavam do cansaço, não faltando sequer quem se dispusesse a pisar o solo cubano dando vivas a Jânio Quadros.

A sessão de abertura do diálogo ofereceu ao plenário, de cerca de 700 jovens representantes de 400 organizações das mais diversas matizes ideológicas, o momento do primeiro encontro com o comandante Fidel Castro. Para os brasileiros, no entanto, ele trouxe outra surpresa. Convidado a encerrar os discursos da noite, a figura ágil e cordata de D. Pedro Casaldaglia ocupou a tribuna. Sereno ele conclamou os jovens ao sagrado exercício da rebeldia. O congresso durou quatro dias e, pela ordem, falaram pelo Brasil os representantes do PDS, PFL, PDT, PCB e PMDB.

Enquanto isso lá fora, uma havana ensolarada se oferecia aos visitantes. Para decepção dos que esperavam encontrar uma forte dose de realismo soviético, os passeios programados eram opcionais e os visitantes incentivados a descobrirem por si sós, os encantos da cidade. Uma cidade pobre. “Moça, você pode não entender, mas nós temos muito orgulho da nossa pobreza”, me disse, na rua, um senhor de 78 anos. É claro que eu entendia.

O que você achou de Cuba? Perguntaram-me as pessoas. Uma sociedade surpreendente, e ouso dizer, tendo plena consciência do quão provocativa a expressão pode suar. É claro que o país enfrenta uma série de dificuldades. Uma economia frágil, uma política de habitação que ainda não foi capaz de suprir as necessidades da área. São as mais evidentes. Mais algum tempo lá e, certamente, outras questões viriam à tona. Mas há outra realidade que salta aos olhos e que, juro, me encheu de orgulho.

Uma sociedade em que um especializado e eficaz serviço de educação e saúde é gratuitamente oferecida à população. Um país de nove milhões de habitantes em que a alimentação básica é subsidiada pelo Governo e onde se imprimem 2,5 milhões de livro a cada três meses. E isso sem falar na alegria das crianças, nas minissaias das moças e no olhar galante dos rapazes que insinuam pelas ruas. Tudo regado a muito calor, a reclamações sobre o ônibus cheio e à irreverência dos soldados que, na hora do almoço tiram a farda para um mergulho no mar.

Surpreendente porque uma sociedade não é só a infraestrutura que constrói. Ela é sobretudo os homens que cria. E aí, a coragem não é patrimônio exclusivo dos líderes da revolução, mas um dom generosamente repartido por toda a gente. Coragem e dignidade palavras-chave para se forjar o perfil de um povo. Um povo que canta, dança e se diverte com mísseis apontados para a sua cabeça.

Um país em que as crianças de quatro anos sabem que, em caso de ataque aéreo, devem colocar um lápis entre os dentes tapar os ouvidos, correr para debaixo da cama e cantar uma canção.  Que colocou na beira da praia, quase de frente para o litoral norte americano um gigantesco outdoor onde se vê, numa extremidade, o Tio Sam acuado. E na outra um cubano com os pulmões cheio de ar gritando aos quatro ventos: “Senhores imperialistas, nós não lhes temos medo nenhum”. Provocação? Infantilidade? Nada disso. Na verdade, uma gigantesca injeção de ânimo em quem passa pelo local. Mesmo porque como dizia Guimarães Rosa, pica-pau voa é duvidando do ar.

Cuba é o exemplo de uma sociedade ideal? Não creio. Mas na vida dos povos não basta apontar para o futuro justo que todos dizem almejar. É preciso se pôr a caminho. Ainda que por estradas diferentes.

“Afora isso”, é a discussão da dívida externa que infelizmente não cabe aqui. Mesmo assim me lembro de algumas intervenções que diziam que não se pode dever aquilo que não se pode pagar e faço minhas as preocupações do representante da Democracia Cristão chilena no sentido de que nosso esforço no momento deve ser garantir e aprofundar o processo de democratização dos países da América do Sul.  “Se tivermos que escolher entre a liberdade e o pão, ficaremos com a liberdade para seguir lutando pelo pão”, disse ele.

Chego em casa, desarrumo as malas e penso em como é grande o cordão da esperança. É isso aí.

Mamãe, eu fui a Cuba. E qualquer dia desses eu quero voltar. “No mais”, bate outra vez com esperanças o meu coração.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Leia matéria publicada no Estado de Minas em 2008, quando Andrea Neves resolveu viajar com a família para Londres

Em entrevista exclusiva ao caderno Feminino&Masculino, Andrea Neves dá um fim nos

boatos em torno de sua anunciada temporada na Inglaterra, para onde viaja esta semana

Fonte: Ana Marina -  Estado de Minas - Caderno Masculino&Feminino - 13/07/2008

Em entrevista exclusiva ao caderno Feminino&Masculino, Andrea Neves fala em torno de sua anunciada temporada na Inglaterra

A notícia estourou como uma bomba na imprensa de todo o pais: Andrea Neves está deixando o governo.   E vai com a filha e o marido, Luiz Márcio Pereira, para a Inglaterra. É claro que as versões dessa viagem são as mais estapafúrdias possíveis, há de tudo um pouco. E assim elas foram circulando, sem que ninguém parasse para pensar: mas onde é que está mesmo a verdade?



Para quem se deslumbra com os brilhos e ouropéis do poder é totalmente impossível uma mulher que para muitos é a eminência parda do governo mineiro deixar tudo para acompanhar a filha, que vai estudar durante uma temporada no exterior. Então, é melhor acreditar no boato do que no fato.

E o fato é um só: Andrea resolveu dar uma parada, dar um tempo para acompanhar Maria Clara, a filha. E é isso que conta, coração aberto para os acontecimentos. Porque fui perguntar a ela o lado verdadeiro dessa viagem, que nem é tão longa assim, em dezembro estará de volta. Conta que não foi fácil a decisão, mas, avaliando prós e contras, acredita que a hora é boa para sair, seus projetos estão encaminhados.

“E, além do mais, tenho apenas dois papéis no governo: na presidência do Servas e na coordenação do 1º Grupo Técnico de Comunicação, que o governador criou para normatizar o setor. O que acontecia antes era uma dispersão de mídia, que se acumulava em alguns meses e desaparecia em outros. Agora isso não acontece mais – e o foco principal do governo são as campanhas de utilidade pública.” Lembro que, para quem está de fora, deixar o núcleo do poder parece uma excentricidade.

Andrea rebate com uma realidade: “Minha família sempre esteve no meio político, fomos criados nele. E a política é cheia de altos e baixos. Então, sabemos que tudo é transitório, que é importante, mas pode passar. O que fica mesmo é a estrutura familiar, o que carregamos conosco, sou um ano mais velha do que o governador, tenho temperamento diferente do dele, sou tímida, mais sossegada. Ele é comunicativo, aberto. Mas nos entendemos muito bem – e esse nosso laço familiar é inquebrável. Nos apoiamos mutuamente. Ele deu para a política, eu não dei. Mas a figura de Tancredo é importante, nos guia”.

Hora da Decisão

Comentei sobre um discurso que ela fez, em 2006, para mulheres homenageadas pela Associação Comercial, avaliando a dupla tarefa feminina, as contradições de nosso tempo, que tocou profundamente a platéia. Principalmente quando ela disse que “muitas vezes esquecemos de lembrar a nós mesmas o que realmente é prioritário para cada um de nós. E então, um dia, de repente nosso olhar cruza com o olhar dos nossos filhos.

Prestamos atenção diferenciada a uma resposta que eles nos dão e descobrimos, de repente, que eles cresceram. Que o tempo passou”. Foi isso que motivou esse hiato que ela está abrindo na sua carreira pública?

“Acho que não sou centralizadora, que delego. Mas sei que sou minuciosa, quero acompanhar tudo de perto. Então, achei que tenho que dar um tempo, fazer algumas coisas de que gosto e não posso. Uma das que me propuz, seriamente, é não ficar controlando de lá o que acontece aqui no Servas. Quero me desligar – e ler, ler muito.

Separei uma boa quantidade de livros que vou levando. Vamos alugar uma casa, meu sobrinho Mateus também vai. E Luiz Márcio também. Além do mais, mamãe, que é a presidente do honra do Servas, vai ocupar meu lugar, dar continuidade aos projetos, que são muitos e me apaixonam”.

Dedicação Total

Quando Andrea fala do trabalho que vem desenvolvendo na entidade assistencial do governo de Minas Gerais, seu entusiasmo é visível. Cada um dos projetos é a menina de seus olhos. A abrangência é total, porque a instituição atende, hoje, de crianças a idosos, passando pelos jovens , mobilização de comunidades, mobilização social.

Dom Geraldo Majela de Castro, bispo de Montes Claros e membro da Pastoral da Criança, dá seu depoimento: “Sentimos que Andrea vestiu a camisa da Pastoral da Criança, começamos a vê-la quase como membro da equipe estadual. Logo em seguida ela, por meio de promoções, equipou toda a sede estadual da Pastoral da Criança, doando móveis, computadores, veículos, tudo o que é necessário para o seu bom funcionamento.

Não temos palavras que expressem nosso amor e respeito para com Andrea, talvez seja um daqueles anjos que Deus usou para a realização de grandes acontecimentos da História da Salvação. Pelo jeito, parece- me que ela segue o exemplo de Maria Santíssima no despojamento, compromisso e sobretudo na fidelidade e transparência nas ações por ela desenvolvidas em todas as áreas da sua atuação social. Todos os seus feitos ficarão gravados fortemente no coração de todos nós, revelando sua pessoa tão religiosa, tão simples, tão atenciosa e sensível ao sofrimento do próximo”.

O bispo tocou em ponto importante da personalidade de Andrea: “O lado positivo de estar onde estou é saber que estou fazendo alguma coisa de bom para o próximo”, avalia ela.

Prazer em Atender

Só quem está por dentro do problema consegue avaliar a extensão da demanda. E é claro que ela é sempre muito maior do que podemos imaginar. Para quem tem mania de perfeição, para quem quer atender o máximo possível, as parcerias são necessárias. Um dos projetos do qual Andrea fala com mais carinho é o da Brinquedoteca, que tem várias parcerias, uma delas com o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID). Por meio dele, foi possível capacitar 734 educadores infantis e 468 creches, e cerca de 35 mil crianças, em 129 municípios. Às vésperas de viajar (a família segue esta semana para o exterior), ela aproveita uma pausa em nossa conversa para aprovar dois bonecos que estão sendo feitos para a Brinquedoteca e que serão distribuídos quando ela voltar.

A palavra-chave é esta: voltar. O que seria um prosaico acontecimento na vida de qualquer família, e que ganhou uma força desmedida, retorna ao seu contexto real. O que Andrea Neves da Cunha está fazendo não é nada mais do que dar-se um tempo, aproveitar um pouco a vida, junto com marido, filha e sobrinho, na Inglaterra.

“Em dezembro estou de volta, o Servas não terá seus projetos paralizados, nada vai mudar”.

E lá vai Andrea Viajar - Ziraldo
Há muito tempo venho dizendo que este vai ser o século da salvação do mundo. Não é que eu seja um Dr. Panglos e queira, nadando contra a corrente, ser um otimista desarvorado do nosso tempo. O mundo será salvo porque ao final do século em que estamos vivendo, estaremos todos nas mãos das mulheres, definitivamente. Elas vão, com seu bom senso nato, com sua intuição, com seu afeto e por será matriz da vida humana, assumir, finalmente, o comando do mundo. E está aí a única hipótese de estarmos salvos, a única oportunidade da humanidade sobreviver. Confesso que tenho um olho clínico para conhecer estas Evas Multi que, aqui e ali, vão despontando entre nós. Elas já estão dirigindo países, comandando mais da metade das grandes empresas americanas, decidindo nos mais diversos tribunais, dirigindo os mais importantes conselhos.

Calmamente, vão se revelando parceiras serenas e competentes de homens que ainda decidem nossos destinos. Até aqui dá para perceber que estou fazendo uma “pequena” introdução para falar de Andrea Neves. Pois é isso mesmo. Conheço a Andrea, praticamente, desde a adolescência e tenho acompanhado sua vida, adivinhando suas vitórias. Neste momento ela está partindo para uma temporada na Europa, onde vai poder conviver, com maior intensidade, com sua filha Maria Clara. Deixa o comando de mil destinos, o poder de decidir sobre eles para estar, pelo menos por um tempo maior, junto da filha. É que, antes de tudo, ela intui qual é a primeira e mais importante função – ou papel – da mulher: a de ser mãe.

Mais que isso, porém, ela vai provar aos que pensam que ela é parte de qualquer poder decisório da gestão de seu jovem irmão, que ele é, por ele mesmo, o competente governador que tem encantado o Brasil, um raro político da qualidade dos velhos fundadores desta arte em Minas Gerais. Tancredo não assistiu seu neto chegar onde chegou mas, se há a hipótese de vida após a morte, lá do alto, ele está vendo seu herdeiro igualar-se a ele – ou até mesmo superá-lo – a ponto de vir a transformar-se num futura legenda nesta área que marca a história de nosso estado. Lá vai a Andrea, com essa certeza. Ela é capaz de gestos incríveis.

P.S.: tenho idade bastante para ter essa eloqüência e dizer todas essas coisas pelo simples fato de acreditar nelas.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Conheça a biografia de Andrea Neves





[caption id="attachment_10" align="aligncenter" width="640" caption="A presidente do Servas, Andrea Neves, durante a entrega da Brinquedoteca - Foto: Oswaldo Afonso"]A presidente do Servas, Andrea Neves, durante a entrega da Brinquedotec - Foto: Oswaldo Afonso[/caption]

Andrea Neves nasceu em Belo Horizonte, em 15 de fevereiro de 1959, filha do ex-deputado federal Aécio Ferreira da Cunha e de Inês Maria Neves Faria; neta do ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985) e do ex-deputado federal Tristão Ferreira da Cunha (1890-1974). É irmã do governador de Minas Gerais, Aécio Neves. É casada com Luiz Márcio Haddad Pereira Santos, arquiteto, urbanista e ex-presidente da Fundação Biodiversitas. Tem uma filha, Maria Clara, de 14 anos, de seu primeiro casamento, com o jornalista Herval Braz.

Fez o curso primário no Colégio Sacré-Coeur de Jesus, em Belo Horizonte, e o secundário no Colégio São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro. Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em 1985.


Na faculdade, Andrea Neves militou no movimento estudantil, cuja principal bandeira de luta na época era a redemocratização do País. Tomou parte também na Campanha das Diretas-Já e participou do Movimento Jovem Pró-Tancredo, no Rio de Janeiro. Em 1985, fez parte da delegação brasileira que compareceu ao Encontro Internacional da Juventude, realizado em Cuba. Na ocasião, foi oradora oficial, em solenidade com a presença de Fidel Castro. Na virada dos anos 80, visitou a Nicarágua, na época da Revolução Sandinista, de 1979.


Sua primeira atividade profissional foi como pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), no começo dos anos 80, no Rio de Janeiro. Ali, integrou a equipe que ajudou a organizar o acervo de Getúlio Vargas, considerado a principal referência sobre a vida do ex-presidente da República.


No episódio histórico conhecido como Atentado do Riocentro, em 1º de maio de 1981, no Rio de Janeiro, foi Andrea Neves quem socorreu o então capitão Wilson Dias Machado, sobrevivente do ataque terrorista frustrado. No centro de convenções, realizava-se um show em comemoração do Dia do Trabalho, com a participação do compositor Chico Buarque de Holanda, durante o governo do general João Batista Figueiredo. Uma bomba havia sido preparada para explodir durante o show e comprometer o avanço da redemocratização no Brasil. Entretanto, o artefato explodiu pouco antes do previsto, no estacionamento, matando um sargento do Exército e ferindo o capitão Wilson Machado, ainda dentro do carro que os levara ao local. Andrea Neves tinha ido assistir ao show, em companhia do namorado, e, segundo vários analistas na época, a ação rápida do casal ajudou a esclarecer a verdadeira autoria do atentado.


No campo editorial, em 1986, Andrea Neves coordenou a publicação do livro "São João del Rei". E, em 2005, concebeu e organizou a obra "Tancredo Neves, um Homem para o Brasil".


A experiência de Andrea Neves na administração pública começou em 1990, quando foi Secretária-adjunta de Cultura do Governo de Minas Gerais, na gestão Hélio Garcia. Nessa função, esteve a cargo da coordenação das comemorações oficiais dos 200 anos da morte de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira.