O Valores de Minas, programa do Servas e Governo Aécio Neves, recebeu, nesta terça-feira (10), a visita de Guti Fraga, diretor e fundador do grupo Nós do Morro, da comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro. Ele foi recebido pela presidente do Servas, Andrea Neves, pelo coordenador geral do Valores de Minas, Carlos Gradim, e pela coordenadora executiva-pedagógica do programa, Iara Fernandez Falcão, e participou de um bate-papo com os alunos.
Assim como o Valores de Minas, o Nós do Morro aposta no poder transformador da arte e possibilita formação cidadã e crescimento pessoal oferecendo oficinas artísticas. O diretor do grupo carioca viu outras semelhanças entre as duas iniciativas.
“As principais semelhanças que vejo são que os dois programas oferecem oportunidade para quem tem vontade de desenvolver um trabalho artístico de qualidade. Além disso, ambos têm função multiplicadora”, disse.
O bate-papo de Guti Fraga com os alunos aconteceu sob a tenda onde acontecem as aulas de circo do programa. O diretor disse que se surpreendeu ao entrar no Valores de Minas e ver os alunos em atividade. “Vocês estavam ensaiando, todos envolvidos com a arte. Fiquei emocionado. Tudo é feito com muita organização, o que é muito importante para garantir qualidade”, disse aos alunos.
Ele falou aos estudantes sobre a importância da disciplina, organização e responsabilidade para o desenvolvimento do trabalho artístico. Contou ainda um pouco de sua história. “Era pobre e sempre morei no Vidigal, mas tive muitas oportunidades. Fui ajudado e aproveitei”, disse. Fundou o Nós do Morro em 1986, após voltar de uma viagem a Nova York, onde ficou impressionado com o que viu: peças de teatro encenadas para público pequeno, mas de muita qualidade.
Segundo Fraga, o Nós do Morro, além de ser uma escola de arte, também é uma escola de filosofia de vida amparada no coletivo, na solidariedade. Ao final, aconselhou: “Se continuar trabalhando com a arte é o desejo de vocês, então lutem por isso. Muitas vezes é necessário ter trabalhos paralelos que garantam o sustento, mas isso não precisa impedir que vocês façam o que desejam”, disse.
O estudante Valdênio Martins, de 19 anos, do Módulo Multiplicadores, se identificou quando Fraga falou da importância do trabalho de multiplicação. Ele já está passando adiante a sua experiência adquirida no Valores de Minas. “Dou aulas de teatro e circo na minha comunidade, no bairro Jardim Filadélfia, em Belo Horizonte. E também vejo o poder transformador do que faço. Falamos sobre cidadania, respeito, educação. Às vezes ajudo os alunos com os deveres da escola. As aulas vão além da arte”, disse.
Para Mestre Negoativo, coordenador de música do Valores de Minas, a visita de Guti Fraga foi muito importante, especialmente porque ele falou de valores fundamentais, como a importância do trabalho coletivo, o que pode auxiliar os jovens em qualquer profissão que forem seguir.
Valores de Minas
O Programa Valores de Minas, do Servas e do Governo de Minas, oferece oficinas de teatro, circo, música, dança e artes plásticas a jovens de escolas estaduais. Lançado em 2005, o programa beneficia, por ano, cerca de 500 estudantes.
Além das oficinas de arte, também constam do currículo aulas de história da arte, literatura, ética e cidadania. Os alunos participam ainda da vida cultural da cidade e, nos finais de semana, têm reforço escolar.
As aulas são ministradas em um espaço próprio do programa, integrado ao Plug Minas - Centro de Formação e Experimentação Digital localizado numa área de 67 mil metros quadrados no bairro Horto, em Belo Horizonte.
Cada turma tem atividades pelo período de nove meses. Os alunos recebem uniforme, vale-transporte, lanche e almoço. No primeiro semestre, os alunos frequentam as cinco oficinas de artes oferecidas e, no segundo, escolhem a área de seu interesse.
Ao final de cada ano é apresentado um espetáculo que mostra o resultado de todo o processo de aprendizado. Além de atuarem, os alunos participam da elaboração do roteiro, da trilha sonora, da produção do cenário, figurino e adereços.
O Valores de Minas, através do Multiplicadores de Arte e Cultura, amplia anualmente as oportunidades de crescimento para 70 jovens que se destacaram no grupo, por meio da formação de monitores de artes cênicas e música, tornando-os multiplicadores de sua experiência em suas escolas e comunidades.
“Nós do Morro, 20 anos”
Guti Fraga está em Belo Horizonte para o lançamento do livro “Nós do Morro, 20 anos”, que traz a trajetória social e artística do Grupo Nós do Morro. A obra será lançada nesta terça-feira (10), as 19h30, pelo Sempre Um Papo em parceria com o Programa Valores de Minas, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. Fraga participa de debate com o público juntamente com a autora do livro e pesquisadora Marta Porto. “Este livro é um divisor de águas. Uma reflexão sobre as diferentes possibilidades de se viver a arte”, diz Guti Fraga.
O Nós do Morro foi fundado por Fraga em 1986. Ao apostar na arte de qualidade, o grupo quebrou estereótipos e fez da comunidade da Zona Sul carioca um dos mais ativos e prestigiados polos culturais da cidade do Rio. Dos palcos profissionais e amadores às telas da televisão e do cinema, o Grupo Nós do Morro mostrou o poder transformador da arte.
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